Páginas

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

23ª Edição "Troia-Sagres"

Este ano voltei a calçar os pneus de estrada na bicicleta e juntei-me aos mais que muitos ciclistas que nesta data rumam a Sagres, partindo de Troia, desde há 23 anos a esta data. Eu pessoalmente, já o havia tentado antes, no ano do Dilúvio (ler relato aqui), sem grande sucesso, devo admitir.
Mas este ano a viagem correu de maravilha e lá tirámos a foto da praxe junto à velhinha tabuleta à entrada da vila de Sagres!

Mas vamos por partes!

Acordei cedo. E quando digo cedo, digo três horas da matina.
O arranque de Troia estava combinado para as 07h mas acabou por acontecer quase uma hora mais tarde.
Arrancámos todos mais ou menos ao mesmo tempo mas tinhamos sido divididos por dois grupos. Um grupo com um ritmo mais alto e outro mais lento. Fiquei, e muito bem, no grupo dos mais lentos.
E calhou bem porque as duas últimas saídas que tinha feito em estrada tinham-me deixado mazelas num joelho e sabia que este me iria dar problemas durante a viagem e assim podia ir dentro da minha zona de conforto e não puxar muito por ele.
Esta era a minha única preocupação á partida. Seria o meu joelho capaz de me deixar fazer os cerca de 210kms do percurso, sem dar o berro antes?!

Os primeiros quilómetros foram tranquilos mas depressa me afastei do meu grupo. O meu pai, que se estava a estrear, desaparece rapidamente à minha frente. Achei por bem ir buscá-lo e de alguma forma tentar moderar o ritmo que ele ia a levar, numa tentativa de o resguardar para os quilometros mais á frente.
Levo uns minutos até voltar a agarrar a roda dele e devo admitir que tive mesmo que me colar num grupo que passou por mim para lá chegar mais fácilmente.
Acabamos por parar um quilómetro ou dois mais á frente e esperamos pelo resto do nosso grupo. Ora passei algum pessoal ora fui passado por outros tantos, alguns grupos bastante numerosos ainda. O ambiente era descontraído e salutar. O tempo mantinha-se estável e bastante bom para pedalar.

Uns bons quilómetros depois noto o pneu traseiro do meu pai bastante em baixo. Tinha furado, quase de certeza. Ainda parámos para meter ar e seguimos esperançados que tivesse ficado por ali, mas acabámos mesmo por ter que parar para trocar de camara de ar.
Assim que pudemos fizémos a paragem para um cafézinho, onde eu aproveitei também para o cigui da praxe!
Por esta altura o meu grupo era composto por mim, pelo meu pai, Ana, Jean Pierre, Lucas, Mário e David. A fechar vinha o Fernando dos BTTretas.

Durante o trajeto até S. Torpes ainda apanhámos alguma chuvita, mas nada de muito intenso e sempre com pouco vento. Chegámos todos animados mas o meu pai acabou por ficar aí e seguir no autocarro que nos acompanhava. Embora bem fisicamente, já não aguentava, literalmente, o cú em cima do selim.
O meu joelho acabou por começar a dar sinais cerca de 50kms após sairmos de Troia mas mantinha-se num limiar de dor bastante suportável, quando cheguei a S. Torpes. Dei-lhe mais uma massagem com pomada e tomei um brufeno para a inflamação. Tirando isso, fisicamente estava impecável, e prontinho para os restantes quilómetros.
A próxima paragem estava programada para S. Teotónio, cerca de 65kms mais á frente.

Os quilómetros até Vila Nova de Milfontes correram rapidinho e após tirarmos umas fotos na ponte da vila, rumamos em direção á paragem de almoço.
A malta estava a começar a ficar com fome e aqueles quilómetros foram, para alguns companheiros, verdadeiramente demolidores.
Eu tinha vindo a comer e a beber bem durante todo o percurso, pelo que não tive problemas de quebra de energia.
Cheguei á entrada da vila de S. Teotónio acompanhado pelo Mário. Ele parou no primeiro café que viu. Queria uma Coca-Cola dizia há já uns quilóemtros (!). Eu segui vila acima á procura do autocarro que lá encontrei quase á saída da vila.

A paragem proporcionou-me tempo para me sentar a almoçar. Umas lulas recheadas com arroz de ervilhas, bebida (Coca-Cola, claro), pão, sobremesa e café!
Quando a Ana chegou mais o Fernando eu já estava a raspar o fundo da tijela da mousse de chocolate! Um luxo.
Bebemos os três o café e seguimos para junto da malta.
Nesta paragem ficam o Lucas e o David.

Daqui a Aljezur foi um tirinho. Já não se viam aqueles grupos grandes na estrada, já havia mais tempo para apreciar a paisagem e o prazer de andar de bike. Aqueles quilometros foram para mim um verdadeiro prazer. Eu e o Mário saímos um pouco do restante grupo e fizemos a descida para Odeceixe sozinhos e a boa velocidade, proporcionando grandes momentos de adrenalina e satisfação.
Combinámos entre nós esperar pela malta no topo da subida de Odeceixe!
Eu aproveito a mini-paragem para acender mais um cigui. O meu joelho mantinha-se estável, embora volta e meia me fosse dando umas pontadas mais intensas e dolorosas, mas nada que um cerrar de dentes não aguentasse.

Quando saímos de Aljezur era ainda dia, mas sabia que iriamos chegar completamente embrenhados no escuro da noite. Ainda assim arranquei sem luzes á frente. Não as tinha levado no autocarro sequer, tinha-me esquecido.
Os meus restantes companheiros tinham luzes bastante potentes que me permitiriam seguir em segurança. Bastava não me perder deles. Escusado será dizer o que acabou por acontecer!
Durante a subida da Carrapateira, a última e derradeira dificuldade antes do final, ainda pescámos um companheiro que vinha sozinho, depois da sua companheira ter desistido. Fizémos questão de não o deixar mais para trás e assim chegar a Sagres com companhia, facilitando a tarefa de cumprir aqueles quilometros finais.

Já completamente noite e a cerca de 5kms de Sagres acabei, ainda não percebi bem como, por ficar a pedalar completamente ás cegas durante umas boas centenas de metros, até que um pequeno grupo de ciclistas me apanhou. Ainda levei "nas orelhas" por ir ali sem luzes (e com razão), mas lá me serviram para ir na roda deles até Sagres.

Quando cheguei á entrada da vila, já lá estava o Fernando e o Mário que tinham vindo a esticar as pernas naqueles quilometros finais. Tirámos umas fotos e entretanto chegam a Ana e o Jean Pierre acompanhados do Pedro. Tiramos a foto de grupo e seguimos na direcção do Parque de Campismo para um banhinho quentinho.
Quando chegámos tivemos uma recepção excelente da restante malta que nos esperava com uma valente salva de palmas! Foi muito bom, realmente memorável!