Páginas

sábado, 5 de dezembro de 2015

HD@Monsanto!

Podia ter escolhido o nome "Monsanto - Die Hard" que também servia o propósito mas não era bem a mesma coisa! Além de que a ideia principal passava por sobreviver à aventura!

Assim, a designação de "Hard day @ Monsanto" acabou por surgir naturalmente e marcava o mote de forma elucidativa. Apesar de ser um desafio para uma manhã apenas, esta adivinhava-se durita e posto isto, e enquanto preparava o treino de sábado, que é como quem diz, arranjava lenha com que me queimar, pensava somente em duas coisitas muito básicas:

A primeira; Realizar um percurso com mais 3 horas e com alguma dureza e que me levasse de casa a Monsanto e regresso e que me desse para desfrutar de uma boa manhã de BTT;

E a segunda, que consistia em esperar sinceramente que o cêpo da minha roda traseira não entregasse a alma ao criador durante a manhã e longe de casa!

Desenhei assim um percurso em que, se os primeiros quilómetros seriam rolantes e por ciclovias, desde a Expo a Mosanto, estavam reservados e assim que chegasse ao Parque Florestal do Monsanto, cerca de 40kms de trilhos técnicos, duros e exigentes como só aquela zona sabe ser.
O acumulado total a cumprir nestes quilómetros, bem envolvidos pelo pulmão da cidade, assomava a quase totalidade do total do percurso.
Os mais de 25 quilómetros que restavam seriam quase planos...

Na prática, mais de 65kms com mais de 1200m de desnível positivo acumulado era o que me esperava nesta bela manhã!

Estavam reunidas as condições para um empeno jeitoso, mas para ajudar na festa o tempo esteve excelente para pedalar. Até o estado dos trilhos e caminhos estava muito perto do ideal.

Sem companhia, saí de casa passavam uns minutos das 08h e cheguei a Benfica ainda não eram 09h
Os primeiros quilómetros da manhã foram tranquilos pelas ciclovias de uma Lisboa ainda meio adormecida. E o mesmo se passava pela zona do Monsanto. Tudo dormia. Até os esquilos...
Já passava das 10h30 quando comecei a ver alguns, mas muito poucos, companheiros do pedal e ainda menos trail-runners.

A manhã ia passando tranquila. Sem quedas, sustos ou quaisquer problemas mecânicos, com excepção feita a 40kgs de cão que resolveu investir, solto, contra aqui o vosso amigo, enquanto seguia a caminho do Restelo...
Sorte a minha que tenho alguns reflexos e saltei da bike a tempo de evitar um encontro de último grau entre este e alguma parte do meu esqueleto. Sacana, que até o gosto do titânio teimou em provar(!)
O casal de animais que andava a passear junto com o bicharoco ainda ficaram muito sensibilizados com o meu rol de asneiradas que larguei para o ar enquanto não controlaram o cão que lhes pertencia!

Segui o meu caminho na direcção da zona baixa do Restelo, por trás do Hospital S. Francisco Xavier.

Mantinha, no entanto, a dúvida se a minha roda traseira aguentaria a pancada. Volta e meia, e quando deixava de pedalar e seguia em "roda livre", lá ouvia aquele barulho assustador do cêpo a ficar preso e a querer agarrar, mas lá voltava a dar umas pedaladas e a coisa voltava à normalidade. Ainda assim e como estava a treinar, o ritmo foi sempre relativamente alto e com quase nenhumas paragens para usufruir das vistas, descansar ou sequer mostrar alguma complacência pelo estado do miolo do meu cubito!

Durante a passeata fiz três curtas paragens.
A primeira foi de uns breves segundos para acertar a pressão do pneu traseiro e despir o casaco que trazia vestido, assim que entrei nos trilhos em Monsanto. A segunda, que foi a mais demorada, aconteceu para tomar um café e comer qualquer coisa num café/restaurante da zona, o Moinho Verde. A terceira e última micro paragem foi no alto do Moinho. Belas vistas sobre Lisboa para apreciar, mas foi curta o suficiente para engolir a restante sandes de marmelada que levava na mochila e comer uma mini-banana!

As voltinhas dentro do parque do Monsanto levaram-me a cumprir alguns dos trilhos mais emblemáticos da zona, assim como algumas das subidas mais longas, técnicas e exigentes. Em resumo, uma manhã mesmo bem passada!

O único senão da manhã foram mesmo as dores que continuo a sentir no joelho direito derivadas da pancada que dei no último Nocturno ATX, na 4ª feira passada.
Se na aula de Spinning de sexta-feira, não me doeu por aí além, ontem quase que me levava ao desespero. As dores tornaram-se de tal formas intensas que pensei, por mais que uma vez, em abortar o plano inicial e reduzir o percurso, mas mantive-me fiel ao plano, cerrei a dentadura e aguentei estoicamente as putas das dores.


Só me doía mesmo nas subidas e quando tinha que meter carga nos pedais, pelo que sabia que o caminho de regresso a casa seria ligeiramente mais tranquilo. Ainda assim, e com 60kms feitos, já me doía em qualquer posição e notava-o mais inchado do que quando iniciara a passeata.
Como comecei mais tarde do que previa, também iria terminar mais tarde do que contava. Mesmo assim, cheguei a casa uns minutos depois das 13h30, mesmo a horas de me sentar à mesa e almoçar com as minhas Princesas e a mana Carla que está de férias em Portugal.

O resto da tarde foi de repouso, portanto. Também conhecido como "Ronha", arrastando o rabo pelo sofá da sala em conjunto com as meninas e o patudo!

Como diz um amigo: "Foi Tip-Top!"

O track GPS deste magnífico percurso pode ser encontrado aqui:
http://www.gpsies.com/map.do?fileId=eelskjtdpsvmpoec
(O percurso começa e termina em Moscavide, mas a parte interessante está toda concentrada no parque florestal de Monsanto, pelo que podem aproveitar o percurso a partir da ponte.)

Vemo-nos por aí!
Abraçorros.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

10.000 momentos de El Soplao

"Encontraste el Contraste"

Vivimos en una sociedad que tiene miedo a los nombres, en la que nada se entiende sin su contrario, camuflamos con mentiras o eufemismos la realidad, nos da miedo desnudarnos con las palabras, y así vivimos lo más asépticos posible sin aceptar nuestras derrotas; derrota que en mi caso no fue tal, porque no me rendí. 

Por eso cuando me quedé sin agua y un amigo, al que no conozco de nada, me ofreció su bote tras la arenga de "muerde la boquilla y aspira, hombre, que tengo de sobra" me lancé a este relato que había ido macerando con los kilómetros... 

Así al finalizar mi periplo descubrí que grande y pequeño ya no volverían a ser contrarios en mi diccionario personal, sino complementarios. 

Grande fue el inicio, el atávico danzar de la salida, la emoción de los acordes de rock antes de adentrarnos en la oscuridad de la noche y sentirnos pequeños.

Frio en la noche, mucho calor en el aire. Grande la gente de la pequeña Ruente y grande su pequeño puente que nos hizo sentir gigantes, casi héroes, en el resonar de los aplausos para volver a ser diminutos seres en la pendiente siguiente.

Desde la otra parte, por la escarpada subida, divisábamos los frontales como pequeñas luciérnagas de los que aún bajaban el cortafuegos temido que nos había hecho descender de modo precipitado a profundidades desconocidas pero que, donde realmente nos llevaron, fue a un mini oasis lleno de gente paciente que con gesto amable ofrecían el primer alivio reconstituyente.

Y qué grandes se veían nuestras sombras bajo el foco del que venía detrás en la noche.

Con cada pequeño gesto: un saludo, un adelante, una palmada... grandes sensaciones y emociones, cuerpos pequeños, grandes corazones.

Pequeño se iba volviendo mi amigo cuando se alejaba por el camino, aunque yo sabía de sobra que acabaría a lo grande e invisible quería volverse cuando a gritos le cantaba una copla de la más grande, justo cuando dejábamos atrás la luz frontal de la noche para encender el amanecer. 

Fue bonito saber que siendo pequeño se pueden hacer cosas grandes, y comprobar el calor de la compañía de ir en soledad con la belleza del paisaje. 

Fue grande el dolor que me hizo caer y sentir pequeño, y pequeños los gestos, las palabras el ánimo, el aliento de los que me pasaban y socorrieron lo que me hizo comprender lo grande del momento.

Sólo me queda el consuelo de haber encontrado la sensación de que lo contrario de la derrota no es la victoria sino la lucha y así agradecer a esta carrera hacerme comprender a la vez cómo, siendo seres tan pequeños, podemos llegar a sentirnos tan grandes.

Tan grande fue la sensación grabada en mi mente que ocho días después no pude más que volver a hacer todo el recorrido en mi mente hasta que me pudo el sueño de la noche que aquel día no dormí y seguí la mañana siguiente con la agridulce sensación de tener que regresar algún día a disfrutar de aquel campo de batalla, con la sonrisa implícita en el alma. 

Y esa fue al final mi gran victoria, poder reconocer, después de todo, que no es necesario que algo tenga un opuesto para que tenga la vida sentido, que lo grande nos hace saber lo bueno de ser pequeños, que el frío de la noche nos hace apreciar el calor de la gente, que cuando llega el calor nos podemos quedar muy fríos, que la dureza del paisaje no es lo opuesto a su belleza y que la soledad nunca más será una mala compañía. "
Por Ángel S. García García


O bonito texto acima foi retirado do Livro "10.000 momentos del Soplao"...

Serve também para ilustrar, de alguma maneira, o desafio a que me propus e vir aqui publicamente anunciar que já estou oficialmente inscrito nesta mítica Ultra-Maratona, em terras de Nuestros Hermanos e com mais de 160Kms!
Sou um desses 6 malucos Tugas que irão rumar a Cabezón del Sal, bem no coração da província Cantábrica para participar na X Edición del Los 10.000 del Soplao
Siga!!!


Muitas alterações irão surgir nos tempos mais próximos devido ás novidades fresquinhas, e passadas via Facebook (e sobre as quais prometo fazer o devido post) e que obrigam ao "afastamento" temporário da Sandra dos trilhos e destes (e de quaisquer outros) desafios desportivos...
Daí que este será o meu maior - e único na verdade - desafio para 2016 e no que refere às bicicletas de montanha e actividades desportivas!
O MountainQuest fica, uma vez mais, adiado para melhor altura! Provavelmente, 2017...

Depois do desafio Los 10.000 del Soplao, lá para meados de Junho, há-de começar a maior Aventura da minha vida... A maior e mais longa Maratona da minha vida, e que se prevê ir mudar drasticamente a minha forma de "ver" a mesma.
E não, não deverão ir existir projectos de BTT - ou outros de cariz desportivo - a popular o calendário durante algum tempo.
Existirão, isso sim, fraldas, biberons, noites mal dormidas, birras, papas, chuchas e afins...
E será esse o desafio do momento, a Aventura da minha vida!.

Quando voltarem a existir projectos na vertente desportiva, já deverei ter novamente a companhia da minha Princesa maior!
A ver vamos...

Já dizia o outro canta-autor Português:

"É preciso é ter calma;
Não dar o corpo pela alma"


Até lá, cabe treinar "á muerte" com os planos de treino da equipa Inglesa BritishCycling e aulas especificas no meu ginásio de eleição;

British Cycling Foundation Plan

British Cycling Intermediate and Advanced training Plan


Vemo-nos por aí.
Abraçorros!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ATX by Night - "Fred, o mal disposto"

Se há dias que não correm bem, há noites que correm ainda pior!
Ontem foi uma dessas noites. Não que tenha corrido mal, não se pode dizer que assim tenha sido... Mas que podia ter corrido bem melhor, porra, isso podia!
Até porque fui estrear a nova transmissão que o Bruno Aguiar montou na minha máquina.
O novo sistema Shimano Deore XT de 2015, pretinho e brilhante!
Nova pedaleira com 2 pratos, de 26 e 36 dentes respectivamente e 11 velocidades na traseira, com uma amplitude que vai desde os 11 aos 40 dentes, capazes de trepar paredes. Uma mudança profunda na configuração que costumava usar. Inclusivamente com regresso aos novos e remodelados triggers XT que vieram substituir o meu velhinho rotativo Sram X0 e que têm um comportamento estupidamente suave e reactivo...




Uma mudança pensada e planeada para corresponder aos desafios que se avizinham no horizonte e para me poupar um pouco as pernas e ter transmissão para acompanhar os devaneios e andamento da Sandra nas provas!
Posto isto, é fácil perceber que a noite tinha como principal objectivo o teste ao funcionamento de todo o sistema antes do desafio do próximo sábado, a já mítica "Rota do Alpinista"...
Mas, se toda a montagem funcionou na perfeição, sem qualquer falha, assustadoramente silenciosa, precisa e com um tacto simplesmente fantástico, já o meu bem-estar e boa disposição ocupou o extremo oposto da escala.
Estava mal disposto como há muito não me sentia. Durante as mais de duas horas que durou a volta estive à beira de me vomitar todo por variadíssimas vezes. O estômago ardia-me como se tivesse apanhado uma monumental bebedeira na noite anterior e estivesse ainda de ressaca.
Com uma azia tal que me parecia ir explodir em chamas a cada solavanco do caminho...

Mal e porcamente fui-me aguentado ao forte andamento dos meus amigos...
Sem grandes cerimónias fui arrastando o esqueleto montes e caminhos acima. E, junto com o resto grupinho, sem qualquer misericórdia ou compaixão pelo meu lastimável estado, acabámos por cumprir cerca de trinta quilómetros.
Mantinha a força nas pernas, mas era só o que me restava...
Só me apetecia caminho tranquilo e nada de solavancos, e nestas redondezas só há pedras e caminhos técnicos, regos, raízes e mais pedras... Por volta das 23h e quando terminámos a foto de grupo acabei por dizer aos meus companheiros que iria rumar por asfalto ao carro, resignado e mal disposto, mas não me deixaram seguir sozinho e lá me convenceram a seguir com eles os restantes quilómetros.
Assim que agarro na bike para me fazer ao restante caminho, o pneu da frente estava quase totalmente vazio. Não aparentava ter melhor saúde que o dono!

Meto-me a dar à bomba! Nem câmara de ar suplente tinha para trocar caso fosse necessário.
Meto-lhe o ar suficiente para seguir mais uns metros por asfalto junto com os meus companheiros.
Aqui o "Gru" cada vez estava pior. Continuava a conseguir segurar os vómitos, mais por não querer ficar com aquele gosto a azedo na boca do que por necessidade...


Voltamos a parar um ou dois quilómetros mais à frente e eu volto a dar à bomba para repor o nível de ar que se tinha escapado pelo teimoso furo, cujo líquido selante, aparentemente, não conseguia resolver...
Estava cada vez mais mal-disposto e o meu ânimo era equivalente, com a malta amiga a ter que gramar com o meu mau e "aziado" feitio, coitados(!)

Acabo novamente a ser convencido pelos meus companheiros a seguir com eles em vez de seguir pela estrada por onde mandava o GPS e por onde, na teoria, seria o caminho mais curto de volta ao carro. Faltavam cerca de 7.5km para o final...
Rumamos direitos a Montemuro e ao já conhecido e famoso "Trilho do homem morto" para irmos depois dar à povoação de Lousa e aí apanhar novamente o apetecível asfalto.
Em menos de nada estava de novo em Guerreiros, ao pé do carro, de volta completada....

Mas, porra, que custou! Oh, se custou...

Obrigado malta por terem a paciência de me aturar e não me terem "deixado" regressar sozinho!

Vemo-nos por aí - Preferencialmente mais bem disposto!
Abraçorros.

domingo, 15 de novembro de 2015

Corre Jamor 2015

O Domingo acordou em tudo semelhante à restante semana.

O Sol brilhava descomprometido numa manhã cristalina e convidativa. O dia ia subindo no alto do seu vigor mantendo a temperatura ideal para enfrentar a aventura que nos levava ali aos três e a mim em particular. Ainda não eram 09h já estávamos no Estádio Nacional do Jamor, a caminhar para o local onde iria proceder à recolha do meu dorsal para a 6ª Edição do evento "Corre Jamor".
Ao aceitar o desafio do meu amigo Luís Estevão, estava também a comprometer-me com o maior desafio desta minha, ainda curta, carreira de corredor. Iria enfrentar a minha segunda prova de 10kms, mas com a variante de esta ser num sobe e desce constante, desenrolando-se num piso misto e que foi desde o asfalto, passando pela borracha da pista dos 400m do Estádio de Honra do Centro Desportivo Nacional do Jamor, a dezenas de metros em empedrado e vários quilómetros por pistas, caminhos e trilhos de terra batida, bem à fresca envolvidos pelo pinhal que rodeia a zona.
O levantamento do Kit de atleta aconteceu sem qualquer espera. Foi chegar e levantar o saco onde constava alguma publicidade, uma t'shirt técnica, o chip de controlo de tempos e o respectivo dorsal.
Um pouco depois encontro o Luís enquanto este se preparava para levantar o kit dele. Os cumprimentos da praxe e seguimos para o carro que estávamos ansiosos. Quer se dizer, eu estava. A Sandra e o Migas, não!
Chegámos muito cedo e essa espera aborreceu o Miguel. Ainda fizemos umas séries nas escadarias das bancadas do estádio até que foi horas do aquecimento geral dado por malta do Holmes Place. A bem de verdade, foi mais divertido do que técnico, mas serviu para acordar os músculos e por o sangue a correr com mais pujança e vigor. O Miguel é que não achou piadinha nenhuma àquela malta toda a tentar acertar numa coreografia demasiado estranha e descoordenada.

A partida foi dada às 10h30 sem atrasos.
Curiosamente, toda a ansiedade de há uma hora atrás era, naquela altura, uma mera recordação. Estava super tranquilo. Apronto o Strava e preparo a Playlist enquanto me vou mexendo para não arrefecer em demasia. Fazemos um minuto de silêncio em memória das vitimas do atentado de Paris e segundos depois ouve-se o tiro da partida.
Arranco bastante bem posicionado, bem colocado perto do arco de meta e à frente de quase 1700 atletas. O Luís, com quem entrara na manga da partida já havia encontrado o seu lugar ainda mais à frente, na busca do seu melhor tempo e objectivo pessoal.
Saio com um ritmo resguardado e comedido. Tinha ideia que a prova seria dura, com bastantes subidas e muito mais técnica do que a minha primeira e única experiência até então naquela distância. Sabia que o meu sucesso - e conseguir cumprir o meu objectivo - estava directamente relacionado com o ritmo com que iniciasse a prova e com que fizesse os primeiros dois ou três quilómetros.
Mas não é fácil um se controlar quando todos aparentam ir a fundo. No entanto, consegui manter o meu ritmo com rédea curta, mas por essa razão fui ultrapassado por centenas de participantes nos primeiros três quilómetros da prova... Até começarem as subidas, na verdade!
Saímos do Estádio de Honra para descermos na direcção da zona de canoagem num dos extremos do parque. Contornamos tudo e num ápice estamos a apanhar as primeiras subidas da manhã. E começou o meu deleite! A primeira rampa de gravilha que apanhamos leva-nos de novo a passar na porta do Estádio para seguidamente entrarmos nos trilhos de terra, ao quilómetro 3.
Na primeira subida que enfrentámos, a de gravilha, com cerca de 300 metros de extensão, comecei a ultrapassar malta. E foi assim até ao km3.5 para depois apanharmos uma descida até chegarmos ao km4, onde a vista era absolutamente brutal, com os olhos a pousarem em ambas as margens do rio, com ás aguas do Tejo tranquilas pelo meio, banhadas pelos reflexos de um belo dia de sol!
Neste ponto voltamos novamente a subir e eu volto a começar a ultrapassar companheiros que há uns minutos me tinham passado a mim. Muitos deles já caminhavam ao invés de correr... A subida terminou ao Km 5.4! Sempre a subir por trilhos e algum empedrado. Até aqui anda vencemos uma boa rampa que chegou bem perto dos 23% de inclinação - segundo o Strava - Bom, mas bom!
Os meus pés calcavam trilhos de terra batida desde o km3 e pouco ou quase nenhum asfalto haveriam de apanhar novamente. E sentiam-se bem. O motor a Diesel estava a começar a ficar quentinho e os pístons - entenda-se, pernas - mostravam sinais disso mesmo. A cada passada dada sentia-me mais leve. As subidas pareciam todas ao meu jeito e sinceramente só me lembro de subir... Pouco de cada vez, mas subia-se! As descidas serviam para descomprimir e abrir um pouco o passo, sempre com cuidado que calçando sapatilhas de estrada, a segurança que senti na passada nunca foi a melhor.
Nas rectas tentava "rolar" com o passo mais solto que conseguia e fui constantemente a ultrapassar gente. Lá volta e meia era ultrapassado por uma mulher-bala ou homem-bala... Mas alegrava-me o facto de que me sentia bem e, aparentemente, estava a dar conta do recado.
Ia atento à voz que me soprava ao ouvido os tempos por quilómetro que ia a fazer. Esta lá me ia dizendo: "último quilómetro a cinco minutos e...." E era o que me bastava ouvir!
O meu objectivo para esta prova era o de a completar num tempo inferior a uma hora. Se conseguisse baixar o tempo da Bimbo Energy Race tanto melhor mas sabia que isso seria virtualmente impossível. Já cumprir estes 10kms de piso misto, num rompe-pernas constante, era o desafio mais audaz a que me havia proposto nesta "cenaça" da corrida. Além de que seria um genéro de iniciação ao Trail e só isso era sinónimo que não podia comparar ambas corridas. Mas não tinha outra para referência.
De cada vez que a voz dizia "5 minutos", eu sabia que estava capaz, e mais perto, de cumprir o meu objectivo! Os segundos eram secundários e até metade da prova apenas me foquei em manter-me abaixo dos 6 minutos por quilómetro mantendo determinado ritmo e a passada o mais certa possível. Coisa complicada que é, percebi na altura, enquanto se corre no mato e em trilhos estreitos, com raízes e pedras, buracos, regos e outros pés que não os nossos com os quais nos temos que preocupar...
Haveria, ao Km5 um abastecimento líquido. Apenas água mas que aproveitei. Dei apenas uns quantos golos pequeninos e larguei a garrafa ainda não tinha deixado o empedrado. Esse maldito empedrado que foi o piso que mais me custou a vencer e ultrapassar.
A partir daqui e sentindo-me bem, comecei a pensar em fazer melhor do que até ali.



Comecei a correr com outro objectivo. O de melhorar os tempos por quilómetro que estava a fazer até então. Comecei a apontar para baixar dos 5 minutos por quilómetro mas tal acabei por não conseguir. Não é fácil com trilhos técnicos e sinuosos e malta a correr junto a nós. A segurança esteve sempre primeiro. A minha e a daqueles que ia ultrapassando, para não fazer ninguém tropeçar numa ultrapassagem mais forçada... Quando tinha que abrandar porque não conseguia passar em alguma subida ou outra zona, abrandava e esperava. Por vezes fui passado nestas alturas e acabava por seguir atrás desse atleta. Nos trilhos mais estreitos foi assim que geri a minha corrida. Mas, por várias vezes me vi obrigado a seguir num ritmo muito abaixo daquele que poderia levar.
Ainda assisti a uma queda de um companheiro que ia à minha frente. Não percebi se por câimbras se por outra razão qualquer, mas como ficaram logo dois companheiros com ele, nem parei. A bem da verdade, nem sequer abrandei o passo, tenho que admitir.
Meia dúzia de metros depois, nova rampa, curta e intensa, que fiz de passo mais curto mas certo, sem me permitir sequer abrandar o ritmo cardíaco. No topo desta já nem me lembrava mais do companheiro que havia ficado sentado na beira do trilho, nem do sofrimento e dor estampadas no seu rosto.
A determinada altura vejo a placa com indicação do KM 8, mas desta vez não esbocei sorriso algum. Estava colocada em plena subida e a única coisa que fiz foi um cerrar de dentes e meter na passada seguinte toda a potência que ainda tinha para dar.
Pensei para mim: "Se ainda tens forças, é bom que as esgotes nestes dois últimos quilómetros!"
E apertei ainda mais o passo, chegando a conseguir fazer 5:06/Km nesses 1000 metros seguintes mas sem conseguir descer abaixo da mítica marca dos 5 minutos ao Km!
Mais um bocadinho de rompe-pernas até ao final, sempre por trilhos de terra batida e sempre por um percurso muito bonito. A determinada altura, e ainda antes de entrarmos no último quilómetro, começamos a ver novamente o Estádio e toda a zona da meta por entre o denso arvoredo. Entramos no topo das bancadas e passamos por dentro da tribuna de honra, e que foi para mim um dos momentos altos e mais marcantes de toda a corrida. Contornamos o estádio, voltamos aos trilhos e uns metros depois estamos a chegar à entrada do Estádio de Honra, novamente.
Uma subida final ligeira a escassos metros da entrada no estádio. Levanto a cabeça após ultrapassar mais um companheiro e vejo o Luís, que, com o seu tradicional sorriso, me acena e com o polegar em riste me atira um:
"Boa corrida man, boa corrida!" - Ou algo assim...
E aqui sim, voltei novamente a esboçar um sorriso! Já o havia feito em várias alturas e principalmente quando passamos na zona da tribuna de honra com todo o estádio e festa, literalmente, aos nossos pés!
Estava a metros de conseguir finalizar a minha corrida e tinha-o feito cumprindo o objectivo a que me havia proposto!
Entramos no estádio com muita gente a assistir e temos mais 400 metros de Tartan até cortar a meta! Foram uns momentos intensos, tenho que admitir...
O ritmo naquela pista de borracha era o mais alto que conseguia naquela altura e o ambiente diferente de tudo o que já havia presenciado. Entro na última curva e a 75 metros da meta levanto os olhos para o cronómetro digital... Marcava 00:52:48! Sem grandes alaridos, mas também sem me conter felicito-me com uma palmadinha no ombro. Sempre havia conseguido o meu objectivo de terminar dentro da uma hora de prova. E por pouco não igualava o meu tempo da minha primeira prova, muito mais fácil que esta! Terminava a minha prova com o tempo oficial de 00:53:11!

O meu ritmo médio foi de 5:19 min/km o que foi uma boa recompensa pela meu esforço naqueles trilhos. Foi uma prova excelente, na qual me deu um prazer enorme em participar e à qual conto, sem sombra de dúvida, regressar no ano que vem!
E espero ter a companhia da minha companheira, que hoje não pôde participar por motivos de força maior. Mas que tenho a certeza que irá gostar da prova e do percurso tanto quanto eu gostei.
Até porque isto de correr tem a sua piada, mas acompanhado por quem se gosta, sabe ainda melhor!

O resumo final da minha participação resume-se ao diploma aqui ao lado.

Apesar de ter levado comigo uma fotografa profissional, não tive direito a uma única foto em plena actividade...
Assim não há condições, digo eu!

Passei depressa demais disseram as más línguas(!)

O próximo desafio é a Rota do Alpinista que já vai na sua 2ª Edição.
Dizem os autores da coisa que vai ser dura e tendo a concordar. Mais de uma centena de quilómetros com mais de 3000 metros de acumulado positivo a vencer não agoiram tarefa fácil, mas lá iremos de cabeça erguida e de peito aberto, enfrentar um dos maiores desafios do ano!
Cá virei depois dar noticias dessa tareia...

Vemo-nos por aí.
Abraçorros!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Let's meet at the park


LET'S MEET AT THE PARK
 é o titulo do treino que irá ter lugar na próxima segunda-feira, dia 09, pelas 19h15, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. É organizado pelo grupo Correr na Cidade e terá a distância aproximada de 10kms e a duração, também aproximada, de 50 minutos.
Ainda que gratuito, requer confirmação de presença no Facebook do grupo!

O treino será um misto de estrada e trilhos, a calhar mesmo bem para a minha preparação para o Corre Jamor já no próximo dia 15. E por falar nesta prova, já tenho dorsal atribuído e será o 1231. Número engraçado!

Será a primeira vez que corro/treino com esta malta. Vamos lá a ver como corre... Depois venho dar notícias. Mas presume-se um bom treininho. Talvez até tenha a companhia da Sandra!

Vemo-nos por aí!
Abraçorros.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

54ª Corrida Nocturna EXPO



54ª Corrida Nocturna Parque das Nações

Foi a primeira vez que me juntei a este grupo para fazer um treino nocturno na zona do Parque das Nações. Um convite no Facebook e foi o que bastou. Ás 20h30 estava à porta da loja Kid to Kid Expo para um treino de corrida nocturno. Estava eu e mais uns vinte caramelos (e caramelas).
Pensava eu que éramos os únicos, mas estava redondamente enganado. Na noite escura juntaram-se, à vontade, mais de uma centena de participantes. Só percebi depois que este "ajuntamento" é normal e acontece assim quase todas as terças-feiras do mês, como podem ver aqui.

O treino começou com uns alongamentos e depois dividimos-nos em grupos mais pequenos, consoante o andamento. Optei por me juntar ao grupo que iria correr a 5:30/km.
Podíamos optar por treinar a 4:30/km, 5:10/km, 5:30/km, 6:00/km ou 7 minutos por quilómetro. Havia ainda um grupo de caminhada.
Podem bem ver a quantidade de pessoas que se juntaram.

A noite estava escura e a falta de iluminação na zona ribeirinha não ajudou em nada. Apenas os elementos "guia" de cada grupo tinham frontal. Ainda assim, correu-se bem, apenas tendo que ter alguma atenção extra ao piso e irregularidades do mesmo.

O meu grupo era composto por uns 7 ou 8 elementos. Todos se conheciam com excepção feita aqui ao vosso pseudo-cronista. Como levei o MP3 e os phones nos ouvidos também pouco abri a boca. Ainda assim e com o pouco que falei, deu para perceber que a malta é acessível e simpática.
Corremos sensivelmente 8.5kms, durante 45 minutos. Nunca cheguei a sair da minha zona de conforto e penso que podia, com relativa facilidade, ter acompanhado o grupo dos 5:11!
Mas como estou em fase de recuperação e não me quero "esticar", foi a melhor opção.

Após isto fizemos mais uns minutos de alongamentos que souberam mesmo bem.
O grupo disponibiliza sempre no final águas e fruta pelo que vim para casa a roer uma maça.
Não fiquei com o registo do Strava porque aquela treta não gravou nada. Eu e a brasileira temos mesmo um relacionamento muito conflituoso(!)

Foi mais uma experiência. Não sei se irei repetir porque acaba por terminar muito tarde, já perto das 22h, mas ainda assim valeu muito a pena. Gostei!

Vemo-nos por aí!
Abraçorros.


domingo, 1 de novembro de 2015

Entre aguaceiros

Bem, chamar aguaceiro à quantidade de água que caiu do céu neste domingo não é, de todo, o termo mais correcto.
Choveu "que se fartou" é o mais perto da realidade sem entrar em especificações mais obscenas!
Sem cerimónias, o primeiro dia do mês de Novembro brindou-nos a manhã com chuva para dar de sobra!

A mim, já me apetecia ir correr desde Sábado, mas por vários motivos não mo havia sido possível. A neura instalada bem pedia uma corridinha - ou qualquer outra actividade física - para contrariar, mas tal não foi possível e lá tive que me contentar com a louça para lavar e o chão para aspirar...

Mas domingo houve tempo matinal para a tal corrida.
O problema é que choviam canivetes quando abri os olhos e os pousei para lá das vidraças da janela, ainda não eram 08h da manhã.
No entanto, estava decidido!
Haviam coisas para fazer e outras tantas para preparar, mas havia tempo para tudo.
Vamos à rua, eu e o patudo, debaixo de chuva intensa e voltamos para casa já meio molhados!
Seco-lhe a cabeça e patas e encho-lhe a taça de comida. Visto os calções, preparo o leitor de MP3, aperto os atacadores das sapatilhas, espeto um beijo na Sandra deitada no sofá, despeço-me dos miúdos agarrados aos desenhos animados na TV e saio para a rua.
Fecho a porta da rua, meto a tocar a Playlist escolhida e ligo o Strava. Assim que dou o primeiro passo percebo que havia parado de chover. Boa!

Saio em passo de corrida ligeira na direcção da zona ribeirinha da Expo. Com a pressa ao sair de casa esqueci-me de aliviar a bexiga e aproveito uma zona meio escondida para o fazer. Realmente, "Correr é um NOJO!!" mas a malta da corrida é mesmo muito desenrascada (ehehehe)... Faço a mijinha que preciso de fazer e sigo a correr, novamente de passo ligeiro e tranquilo, a descer...

Estava motivado e a sentir-me bem. Tão bem, tão bem, que até pensei que a brasileira sexy do Strava se havia enganado quando me diz ao ouvido que tinha percorrido o meu segundo quilómetro em: "5 minutos e seis segundos".
Isto dito com aquele sotaque brasileiro quase me deu um orgasmo ali na hora. Bolas que estou forte. Ou isso ou a gaja do Strava passou-se!
Mas não. Nem estou assim tão forte nem a voz sexy do Strava se tinha enganado.
Ia confortável e sem excessos mas o meu ritmo era mesmo aquele e até acabei a bater alguns tempos anteriores de treinos com a Sandra, coisa que achei que ia demorar a acontecer. Parecia eu que ia a voar baixinho, quase a planar por cima das poças de água e praticamente sem tocar nas madeiras dos passadiços. Não, claro que não. Isso já era eu a divagar. Logo eu que sou um cepo a correr, sem técnica nenhuma, e que, de Queniano não tenho mesmo nadinha.



Mas o melhor de tudo foi que, mesmo num registo já mais alto e com 7kms de treino feito, terminei sem dores em nenhum dos joelhos. Aparentemente, a coisa está a compor-se.

Apenas um pequeno apontamento durante o Km5 - que, felizmente, nada teve a ver com as minhas Patas de Ganso - mas que me fez refrear um pouco o ritmo no sexto e sétimo quilómetros. O último quilómetro de regresso a casa - Sim, corri 7kms mas só registei 6! Eu já tinha dito que eu e a brasileira do Strava temos algumas questões de relacionamento!
Acabei por fazer alguns - poucos - alongamentos já à porta de casa, onde cheguei sem apanhar com chuva na tola, mas encharcado na mesma. Levei o impermeável da Sandra vestido e aquilo é um pedaço de plástico que usa e abusa da máxima: "Não apanhes chuva, encharca-te em suor"!

Mas em resumo, curti que nem um maluco a corrida, a aragem fresca na tromba a refrescar e ordenar as ideias e o chapinhar nas poças, mas, sobretudo, por me sentir de alma cheia!

Gosto da mescla de sensações que a corrida produz!

O próximo desafio, a convite do meu amigo Luís, será o evento "Corre Jamor". 10kms por trilhos mistos do Centro Desportivo Nacional do Jamor, e irá ser a minha segunda prova organizada...
E sendo sincero, estou ansioso! Ui, ui, viva a adrenalina ehehehe
Em princípio terei a companhia da minha cara-metade, mas isso ainda não é certo, infelizmente.
A minha ideia será a de manter (+/-) o tempo que fiz na minha primeira experiência na distância, mesmo sabendo que são corridas diferentes, levo para esta muito mais treino e até já alguma experiência(!)
Se vou conseguir ou não, não sei. Vou tentar! Mas acima de tudo quero divertir-me e chapinhar na lama, onde a houver, que esta prova vai ter trilhos mistos(!)

Vemo-nos por aí,
Abraçorros!

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Running in the dark

Mais uma volta, mais uma ficha!

Mais um treininho no final da tarde, agora já quase noite cerrada, ou assim aparenta à hora que consigo ir correr.
Uma corridita de 6km com o já costumeiro ritmo de caracol... Os dois últimos kms já na casa dos 5:30 que já vou mais quentinho, o que acabou por resultar numa média de 6:13/km.
É o que dá começar devagar, devagarinho!
Mas isso também não interessa nada.
Pelo menos, por enquanto...

A ideia base, para já, é recuperar da sacana da lesão que me andava a chatear e impedir de treinar e criar "hábitos de corrida" com o consequente reforço muscular dos músculos e tendões envolvidos na actividade.
É que, no fundo e apesar de pedalar quase há duas décadas, sou um jovem aprendiz de 38 primaveras, totalmente inexperiente nesta prática. Ou experiente na falta dela! Na prática. De corrida, entenda-se...
E talvez por isso esteja agora a correr devagarinho, a pagar o prejuízo de ter começado neste mundo com a mesma força com que saio para as maratonas de BTT, e correr provas de 10kms a 5:11/Km!

A corrida de ontem soube-me estupendamente bem, novamente, e não me posso queixar de nenhuma dor ou desconforto em nenhum dos joelhos. O passo foi lento e suave, é verdade, mas parece que estou no caminho certo para correr como pretendo. Fazer provas maiores, uns Trails e coiso e tal...
Correr à noite - ou no final da tarde, neste caso - tem um sabor especial e eu gosto bastante. Já esteve algo de frescote e nos ultimos 2,5kms, mais coisa, menos coisa, corri com um vento ligeiro de frente o que ainda me agradou mais. Melhor que correr a esta hora deve ser correr com o raiar do dia, mas essa experiência tenho-a deixado passar...

Terminei o treino com os alongamentos da praxe.
Assim que chego à beira do carro começa a chover. Belíssimo timing, lembro-me de pensar.

No final da semana, lá para sexta-feira, haverá mais um treininho destes... Ligeiro!
Se chover, estamos lá na mesma...

Abraçorros,
Vemo-nos por aí!

sábado, 24 de outubro de 2015

V Rota do Ocidente - Edição 2015

Organizada pelo Jorge Pedroso e com uma descrição que incluía passagem nos "mais belos trilhos da costa entre a Ericeira e o Cabo da Roca" era um evento de participação obrigatória!
No entanto, a realização "oficial" do mesmo só foi possível aquando da marcação de segunda data para a realização do evento devido ao Furacão Joaquim ter deitado por terra as vontades da malta na primeira data anunciada.
Para a nossa dupla calhou bem pois estávamos em Idanha-a-Nova nessa altura.

Assim, lá tirámos o rabo da cama bem cedinho - bem mais cedo do que o aconselhável - e mesmo apesar da iminente ameaça de chuva e de dia manhoso, lá nos fizemos ao caminho até a vila de Fonte Boa da Brincosa, lugarejo à beira da costa da Ericeira, onde iria ter inicio esta mega rota de BTT!
Só não fomos os primeiros a chegar porque já lá estava um companheiro estacionado quando estacionámos a caixa com rodas. Eu vou ao café beber a bica da praxe e quando volto já la estava alguma malta conhecida e já tinham conseguido arrancar a Sandra do conforto e quentinho do carro.
O Pedro Pereira, o Jorge (que a Sandra arrancou da cama, literalmente) e outra malta conhecida foi aparecendo, acabando por formar um grupo simpático, com cerca de 16 companheiros.
Estavam à nossa espera cerca de 95kms de caminhos com mais de 2000m D+ por montes e vales das redondezas! A malta estava, por isso, entusiasmada...



Arrancamos todos juntos mas a determinada altura perco a Sandra. Ou melhor, ela perde-nos a nós... Teve que parar para tirar um pau que se metera no meio do travão traseiro e em menos de nada ficou sozinha, sem GPS e sem saber por onde era o caminho quando ainda estávamos na povoação da Fonte Boa da Brincosa. Já estava a voltar para trás quando o meu telefone toca! Uns minutos depois e estávamos de novo juntos, a caminho do Cabo da Roca, a pedalar no final do grupo, sozinhos!
Não chovia e a temperatura óptima para curtir os trilhos como mereciam.

Fomos rolando com atenção redobrada porque não queríamos uma queda nem nenhum azar. Começamos a passar por trilhos mantidos pela malta do Clube Mafra BTT, a quem deixo desde já uma palavra de apreço! Que brutalidade de trilhos e que trabalhinho ali têm feito para os manter. Mesmo muito bom. Claramente, outro nível! Meus amigos, vocês estão lá no alto!
Trilhos brutais e um ou outro engano meu que nos deu, pelo menos, mais umas subidas extra... Ando mesmo a perder qualidades na leitura do GPS(!) Ao contrário do vinho do Porto, eu neste caso, é mais "Quanto mais velho, pior(!)"
Fico a conhecer, entre outros, o famosíssimo Trilho do Sr. Heitor... Que maravilha! Um singletrack no verdadeiro sentido da palavra, com um percurso extraordinário e com uma boa extensão... Fluído, sem grande técnica mas mantendo-se divertido... Mesmo um privilégio poder ali passar e daquele trilho usufruir! Obrigado, Mafra BTT!
Fizemo-lo relativamente devagar e sem pressas. O piso estava excelente com elevada tracção e aderência, mas a atenção e cuidados redobrados devem-se a outros factores que a seu tempo revelaremos, mas que irão ser tónica dominante nos nossos futuros passeios de BTT!
Mais à frente e sempre por trilhos em perfeito estado, novo engano meu. Desta vez mais chato de corrigir porque descemos ao invés de subir(!) Grrrr

O nosso ritmo era descontraído, sem pressas, mas acabamos por apanhar o maior grupo de companheiros que iam a concluir a Rota...
Tudo malta amiga e conhecida da Sandra. Acabamos a fazer na companhia deles a primeira grande subida da manhã... No topo desta paramos para comer uma barrita e esperar pelos restantes companheiros que tinham ficado um pouco para trás. Eu vinha a sentir-me bem e tinha vindo a espremer os pedais por aquela rampa acima, trazendo alguns comigo e inclusive a Sandra, mas alguns companheiros haviam ficado um pouco para trás. Daí que esperar por eles foi obrigatório mas também não demorou quase nada.
Já todos juntos, eles seguiram e nós ficámos mais uns segundos a terminar de comer e eu a despir o impermeável que não fazia sentido continuar a trazer vestido.
Eles despedem-se com um "Vocês já nos apanham"!

Mas tal nunca chegou a acontecer...
Cerca de 1,5km mais à frente e durante uma subida curta com alguma inclinação vi-me obrigado a desmontar pelos piores motivos. Terminava ali a nossa aventura, mas disso não suspeitava quando percebi o que se havia passado.
Ao transpor uma raíz e no preciso momento em que meto força nos cranks para subir aquele degrau natural, ouço um estalido agudo, seguido de "snap" característico.
A minha corrente tinha cedido ao cansaço e agruras dos milhares de quilómetros que já percorrera, sendo que os últimos haviam sido demasiado violentos. A bem da verdade, já havia percebido que a mesma estava a queixar-se mais do que devia e já no decorrer da maratona dos Trilhos da Raia achei que ela iria entregar a alma ao criador das correntes, mas lá se aguentou. Até ali!
Ahhh, pelo menos não chovia!
No momento em que percebi que havia partido a corrente não fiquei nem um pouco preocupado. Trazia dois elos rápidos na mochila e sentia-me tranquilo com a minha capacidade para resolver tal contra-tempo. Trazia-os sempre comigo, já há algum tempo, para o que desse e viesse ou para uma emergência como esta.
Só que me esqueci que os elos eram para correntes de 10v e eu estava a usar uma corrente de 9v, mais grossa. E só percebi isso várias tentativas frustradas depois de tentar montar os elos rápidos naquela corrente. Não fechavam, pura e simplesmente... Pudera(!)
Acabei por sacar mais um elo e cravar a corrente sem elo de ligação. Devido a ter destruído um elo quando partiu, de já ter descravado outro meio elo para montar os rápidos e de ter tirado novo elo para ter como cravar a corrente de forma definitiva, acabei por ficar com esta demasiado curta.
Após montado, o sistema ficou sob demasiada tensão, com uma corrente significativamente curta e com o desviador a ficar todo puxado para a frente, sempre em tensão....
A faltarem perto de 80kms para o final do passeio, achei por bem não abusar das sortes e comuniquei à Sandra que o mais sensato seria abandonarmos ali a ideia original de levar a V Rota do Ocidente a bom porto...



Percebi que ficou desiludida com a ideia... Os trilhos por onde passámos até então tinham sido todos eles de elevada beleza e o percurso estava a revelar-se realmente muito bom. A companhia e climatologia também estavam alinhadas nas estrelas... Tudo estava alinhado, menos a nossa sorte no que refere a problemas mecânicos que têm sido demasiado frequentes...
A Sandra aceita, resignada, a ideia de voltarmos à Ericeira por estrada.
Comentei com a minha parceira, a titulo de desabafo, que parece que cada vez cometo mais erros de principiante. Os vários enganos na leitura do GPS e erros como este não são de alguém com a experiência que já levo destas merdas(!) Fiquei algo desiludido comigo mesmo, mas isso já não lho disse.
E assim fiquei porque percebi que ela gostaria de ter continuado o passeio e que não o fez, por minha culpa...
Enfim!
Acabámos por voltar para trás por asfalto... Descemos e passamos a ponte por cima do rio Lizandro e à vista da praia com o mesmo nome, para depois subir o vale do outro lado. Tinha ideia que era uma subida longa, com algumas curvas, mas quase pareceu plana. Ou aquilo perdeu inclinação ou nós estamos mais fortes...
Em menos de nada passamos a antiga discoteca "SA" e mais à frente cortamos à direita para, 1,5km depois, umas quantas tentativas de sacar uns cavalinhos e um quase mortal entortado à retaguarda, estarmos novamente no carro, inteiros e sem mazelas (valha-nos isso)!
Secos mas com fome, partimos direitos a casa com passagem para um pão com chouriço quentinho na Aldeia Típica de José Franco, mesmo à saída do Sobreiro. Dois pães com chouriço enormes que papámos com gosto! E ainda trouxemos um pão de centeio que devia pesar 2kgs...



Ficou a vontade de voltar para concluir mais um passeio com a chancela de qualidade que o Jorge Pedroso associa a cada passeio a que se dedica. Pelos trilhos que nos foram dados a percorrer e por aquilo que a malta comentou no final da passeata... Temos que lá voltar!
E encurtar a passeata?! Naaaaa Jorge, deixa lá estar a coisa assim que assim é que vale ;)

O track deste passeio pode ser descarregado aqui: V Rota do Ocidente - Edição 2015
Ou a partir da pasta Tracks GPS aqui do meu blog...

Se quiserem ir dar uma espreitada nesta rota brutal, vão e curtam muito!
Mas não deixem lixo nos trilhos, não levem mais que fotografias e tratem as gentes locais com o respeito que elas merecem!
Para um BTT sustentável e também por respeito a quem se dedica a tratar daqueles trilhos com o evidente carinho que se percebe...

Abraçorros!
Vemo-nos por aí...

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Primeiro Treino/Corrida após lesão

Na sexta-feira ao final do dia voltei a treinar!
Não ao mesmo nível dos registos anteriores, mas de forma bem mais contida e controlada.
Tinha saudades e fui matá-las à beira rio, no passeio marítimo entre a piscina oceânica do Inatel e Paço d'Arcos. Uma corridinha ligeira e curta que serviu mais para testar os meus joelhos e o estado de ambos! Como alguns de vós até sabem, tenho andado às voltas com problemas na Pata de Ganso em ambos joelhos, mas aparentemente a coisa encontra-se ultrapassada.
O que corri não chegou aos 6kms, mas apenas registei os últimos 4, devido essencialmente à minha incrível inaptidão para me entender como deve ser com o Strava...
Os primeiros kms foram feitos meio a correr muuuuito devagar e meio a andar. Estava com receio de sentir novamente dores e deitar por terra todo o trabalho de recuperação - e descanso - feito.


Mas acabei a terminar a corrida a sentir-me bem, sem qualquer dor em nenhum dos joelhos. BOA!
Fiquei contente e mesmo apesar de parecer um caracol nos primeiros kms, fui sempre a progredir e a aumentar o ritmo. Senti-me sempre bem, com os joelhos sempre estáveis e sem sinais de desconforto de qualquer espécie...
Levei o frequencímetro e fiquei a saber uns quantos dados interessantes. Um deles é que faço mais esforço para correr devagar, acima dos 5:45/km, do que mais depressa. Se, para me manter a correr devagarinho os meus batimentos por minuto iam perto dos 160, os mesmos caíram na medida inversa em que aumentei o ritmo. Até determinada altura, depois estabilizou-se na casa das 135/140bpm a correr os últimos dois kms.
Será isto normal?!
Julgo que sim... Até porque, se der ouvidos "à máquina", dá para perceber que todo o motor vai mais estável, que me sinto muito melhor assim que a passada começa a "abrir" e o ritmo começa a fluir...

Em resumo, o meu primeiro treino de corrida após a minha lesão e também o primeiro treino de corrida sozinho, sem qualquer companhia, além do leitor de MP3 e respectivos headphones.
E esta foi também outra coisa boa deste treino de final de tarde. Foi uma prova de que realmente estou nisto das corridas de corpo e alma, de que gosto realmente e que não o estou a fazer só derivado da Sandra também correr e de alguma forma estar a ir de arrasto...
Gosto mesmo da sensação de correr e ao contrário do BTT, a cadência compassada da corrida em estrada ajuda realmente a meter as ideias em ordem e "arrumar a casa"!
Também já percebi que correr só 5 ou 6kms (+/-) me deixa com um "sabe a pouco" na boca e o ritmo médio/alto é o que me agrada mais e onde me sinto mais à vontade.
O problema é que continuo a não querer/poder abusar dos joelhos e tenho que me manter com pouca carga e a fazer distâncias curtas.

Mas isso deixa-me algo apreensivo porque o Grande Prémio Fim da Europa está aí à porta.
Serão 17kms, a malta que já fez diz que a prova é algo dura e eu gostava de a concluir sem ter que andar a meio... E para tal, preciso de já ter ultrapassado este meu problema nos joelhos!
Tenho que ter paciência e de levar os treinos com calma...

Para já, estou de volta às corridas, ainda que na forma "caracol"...
E só isso, já é bom.
Bom?! Não...
É tope, mesmo!!!

Abraçorros,
Vemo-nos por aí...


domingo, 11 de outubro de 2015

XI Maratona BTT "Trilhos da Raia"

A última edição em que participara foi na VI Maratona BTT Trilhos da Raia, corria então o ano de 2010, e já há uns tempos que pretendia rever aqueles trilhos e matar saudades daquela maratona, organizada sempre exemplarmente pela ACIN.
Falei com a Sandra, vendi-lhe o meu peixe e convenci-a a acompanhar-me na edição deste ano, a 11ª.
Marquei a nossa estadia no Hotel Estrela da Idanha, em Idanha-a-Nova, para curtirmos um fim-de-semana de lazer e evitarmos a estafa da viagem durante a madrugada. No entanto e devido ao furacao Joaquim, o fim-de-semana saiu-nos um pouco "furado".
Muita chuva caiu desde sexta-feira à noite, sábado e madrugada de domingo, inclusive.

Assim, no sábado, arrancámos de Lisboa depois do almoço, renunciando à ideia de um passeio pela Rota dos Fósseis em Penha Garcia, chegando já depois das 18h a Idanha. Depois de confortavelmente instalados, fomos tratar de recolher os dorsais.
Encontramos a malta amiga da Casa do Benfica da Charneca da Caparica e com eles passamos os olhos pela exposição de fotografia dos 10 anos da ACIN.
Acabámos a noite a jantar no "Espetinho" por conselho da menina da caixa do supermercado em frente ao Hotel. Restaurante humilde, mas com um mestre na grelha a servir-nos uns secretos de porco preto e um bife de vitela grelhados na perfeição. As doses, bem servidas, deixaram-nos cheios até ao topo e o preço foi do mais simpático possível. Do melhor!

Voltamos para os nossos aposentos e damos uma olhadela no gráfico de desnível do percurso e analisamos os pontos críticos do mesmo, nomeadamente as subidas mais importantes.
Rimos, conversamos e passamos um bocadinho agradável antes de nos rendermos ao sono. Continuava a chover lá fora e por vezes de forma bastante intensa...


Acordo de esperanças renovadas, mas ao olhar pela janela rendo-me às evidências. O nevoeiro é tão intenso que custava a identificar as sombras para lá da janela do quarto e fazendo com que as lâmpadas amareladas dos candeeiros da rua, ainda acessos, dessem um ar meio fantasmagórico ao ambiente lá fora. A humidade tão espessa e pesada que aparentava poder ser cortada à faca...
Minutos antes de descermos a tomar o pequeno-almoço tinha voltado a chover.
O dia prometia e eu tentava imaginar o estado dos trilhos...
Faltavam pouco mais de vinte minutos para a partida quando abalámos do hotel e a chuva continuava a cair. E com alguma intensidade na altura em que percorríamos os 500m até ao Largo da Junta, onde iria ter inicio o arranque da prova.
Encontramos algumas caras conhecidas e eu aproveito para ir tomar a "bica" da praxe no café que já conheço.

Quando estamos a entrar na manga da partida avisto a atleta do grupo BTT Seia, a Elite Marju Kivit. Sabia que seria uma das adversárias da Sandra e digo-lhe isso. Seguimos, pedindo licença aqui e ali, até estarmos na 3ª ou 4ª fila de atletas quase debaixo do arco da partida. Tínhamos ganho o nosso espaço naquele aglomerado de gente, essencialmente composto por barulhentos espanhóis. Aproveito os minutos que faltam para verificar as nossas bicicletas e ainda colocar ar no pneu traseiro da Sandra. Esta estava concentrada de uma forma como poucas vezes a tinha visto até aí!
Continuava a chover, mas agora de forma menos copiosa. O nervoso miúdo cresce e a ansiedade pelo começo da prova aumenta.

É dado o sinal de partida e de repente, os perto de mil bikers inscritos em ambas distâncias, resumiam-se a uns 40, 50 atletas que se encontravam à nossa frente. Arrancámos na cabeça da corrida junto com todas as outras motas presentes. Inicialmente por uns quantos metros planos e depois a descer por empedrado molhado. A Sandra ganha-me uns 10, 15 metros de distância que eu tentava por tudo não perder. No meio daquele caos controlado seguíamos com velocidades bem acima dos 20km/h, em empedrado molhado, a descer pelo meio da vila. Sentia guiadores a tocarem-me nas nádegas, tocava com o meu guiador no rabo do gajo que ia à minha frente e volta e meia sentia o ombro de quem pedalava ao meu lado encostado ao meu... Todos a esmagar pedal, encontrando o equilíbrio como podíamos, a descer por um empedrado demasiado escorregadio. Ouvia-se o chiar constante dos travões molhados, o barulho característicos das correntes e transmissões a entrar em carga e vozes autoritárias a reclamar por espaço, por atenção... Um arranque tenso e poderoso!
Chegamos ao asfalto plano e liso e a velocidade aumenta à medida que aqueles 40, 50 atletas vão ganhando espaço entre eles. A Sandra seguia agora distante de mim uns 80 a 100 metros, muito por culpa da minha transmissão curta para tais velocidades.
Colado na roda de outro atleta. olho para o GPS e vejo que seguíamos a 42km/h. Continua a chover...
Entramos nos trilhos por um caminho entre muros.
Passam-me alguns atletas mas quem me chama a atenção é a Marju Kivi. Continuava a vislumbrar a Sandra, agora já novamente mais perto, já que tinha ganho algum terreno após a curva que antecedeu a entrada nos trilhos. Sigo motivado mas a pensar que aquele andamento ia ter uma elevada factura para pagar mais adiante. Continuávamos a rolar a velocidades superiores a 25km/h e com a entrada nuns trilhos brutais, rápidos e ladeados por muros de pedra antiga, voltamos novamente a ficar muito juntos, todos os atletas. Estes primeiros quilómetros foram, como mínimo, intensos!
Uma primeira subida, curta, em cimento, não chega para romper com aquela cadência demolidora e separar um pouco a malta. O andamento continuava Á muerte! 
Após esta pequena rampa e ainda antes de iniciarmos a primeira real subida da prova, com inicio ao km8 já estava colado na roda da Sandra, embora ela só se tenha apercebido disso bastante mais adiante.


Essa primeira subida, com parte dela feita por singletracks em terreno empinado e técnico durou muito pouco. Feita num ritmo bastante alto, passou num ápice. As raízes, regos e pedras misturadas com água e lama eram sinónimo de eventuais dificuldades que não chegámos a sentir. Outra malta, sim. Bem os via a patinar, a encostar e a apear. Ultrapassei vários atletas nesta fase do percurso, sempre a correr atrás de uma Sandra completamente irada e movida a "ganas"!
Seguíamos agora no nosso ritmo, com uma melhor gestão de esforço e entramos numa zona mais calma, com algumas pistas a permitir soltar as pernas e foi num instante que chegámos à base do monte que alberga a mítica povoação de Monsanto, onde haveríamos de encontrar o primeiro abastecimento onde mal parámos e posterior primeiro controlo.
Seguidamente teríamos pela frente a dura subida pela calçada romana atá ao alto da vila. Uma calçada romana antiga, molhada e resvaladiça, que me levou de vencido, obrigando-me a apear por mais que uma vez na tentativa vã de repor o ritmo cardíaco no limiar do aceitável.



Concluo a subida já depois de ter perdido novamente a roda da Sandra. Durante a ascensão àquela mole granítica fui ultrapassado por alguns companheiros que fui passar novamente nos singletracks técnicos que se seguiram. Uns a descer, outros a subir. A empinada subida antecedeu alguns dos caminhos mais técnicos e exigentes de toda a maratona.
A descida desde Monsanto foi também em calçada romana e leva a um trilho fininho recheado de grandes moles de pedra, escorregadias pelo musgo, água e lama que as cobriam. A pedir muito da destreza técnica em cima da bicicleta com algumas zonas realmente muito belas. Trilhos mesmo ao meu jeito e que conferem sempre adrenalina e entusiasmo a qualquer passeio de BTT. Aqueles quase 3kms foram absolutamente geniais. Singletracks de perder a cabeça, cheios de técnica, pedras e drops. Ainda me obrigaram a meter o pé no chão em duas situações em que não consegui manter tracção na roda traseira enquanto trepava alguns daqueles calhaus graníticos! Sem dúvida a parte mais divertida de todo o percurso e que fiz quase sempre sozinho, sem ver vivalma.
Nos entretantos, continuava a chover e eu corria nesta altura atrás do prejuízo, tentando agarrar novamente a roda da Sandra que continuava endiabrada.


Sabia que a próxima subida dura e realmente digna desse nome seria a que nos levaria a Penha Garcia e foi no início dessa parede que fui, novamente, encontrar a Sandra.
O piso, que encontrámos enlameado em toda a extensão do percurso, transformava-se numa verdadeira batalha nas subidas, altura em que era mais notório o esforço adjacente a pedalar com o pneu traseiro meio enterrado em lama, ora mais aquosa ora mais espessa, deixando sempre o piso muito "pesado" como se diz na gíria...
No inicio da tal subida a Penha Garcia, no inicio do bosque de pinheiros que iríamos ter que atravessar e ainda antes de me chegar à traseira da minha companheira, fui ultrapassado por uma atleta espanhola e pelo seu companheiro. Rolavam juntos, mais juntos que eu e a Sandra.
A Sandra seguia agora a 50 metros de mim, mais à frente. 50 metros esses que foram suficientes para ver a minha amada ser ultrapassada por aquela atleta após uma derrapagem forçada numa curva mais traiçoeira. Não sabia em que posição íamos naquela altura, mas deduzia que "seríamos" 3º na melhor das hipóteses e caso nenhuma das atletas que por mim já havia passado tivesse optado pela distância menor.
Acabo por conseguir apanhar a Sandra e ela diz-me que vai na 2ª posição!
E eu digo-lhe que vai em 3º pois tinha acabado de ser ultrapassada por uma adversária, coisa que ela nem tinha percebido.
A espanhola que acabara de passar aparentava ser de mais idade que qualquer um de nós, deduzi pelo cabelo grisalho que escondia debaixo do capacete. Tinha um ritmo sólido, subindo de forma compassada e descendo de forma bastante controlada mas expedita e eficazmente. Parecia ter um andamento bastante equilibrado e disse isso à Sandra na mesma altura em que lhe disse que não a deveríamos ultrapassar, quando a voltámos a apanhar.
Na minha opinião devíamos ir na roda dela, pressionando e criando desgaste na adversária, mas ao mesmo tempo recuperando nós alguma energia por seguir no "cone" da Espanhola. A Sandra concorda com a estratégia mas não se consegue controlar.
Numa altura em que somos todos obrigados a desmontar devido a uma parede demasiado enlameada para permitir aos pneus alguma tracção, e depois de algumas dificuldades em se voltar a montar devido ao excesso de lama nos sapatos e por irmos, literalmente, colados na Espanhola já a algum tempo, a Sandra vê-se a par com a adversária e não resiste, passando para a frente e pisando forte no pedal.
Eu fico ligeiramente para trás. O tempo suficiente para ver a outra crescer, eriçar o pêlo, tomar uma posição mais "racing" em cima da bicicleta e pisar no pedal, tão forte quanto a Sandra.



Ora bolas, pensei eu...
O companheiro dela sai com ela e eu saio também a esmagar pedal!
Por alguns quilómetros tivemos uma verdadeira corrida entre os 4. Elas, gladiando-se afincadamente e os gajos, nós, a proteger cada um a sua companheira, lutando entre nós, guardando a melhor trajectória para a sua parceira.
No entanto, a espanhola tinha já ultrapassado a Sandra num subida que ambas fizeram a fundo. Mas seguia sozinha já que eu ia conseguindo manter o companheiro dela atrás de mim e da Sandra, impedindo de alguma forma que formassem comboio e obrigando-nos a nós a correr atrás do prejuízo!
Os caminhos mantinham-se absolutamente enlameados, com poças enormes volta e meia. A chuva era uma constante, mas nesta altura pouco ou nada a sentia. A seguir a par com a Sandra acabei por mais que uma vez por levar banhos enormes de água castanha das poças por onde entrávamos a todo o gás... Uma das vezes a "onda" desencadeada pela roda 29 da Sandra foi de tal ordem grande que desapareci, da cintura para baixo, debaixo de um mar de água castanha. De tal forma que até o Espanhol que seguia uns metros atrás de nós, levou com água nas ventas e reclamou por isso.
O ritmo que o nosso quarteto levava era simplesmente brutal. Já tínhamos passado Penha Garcia e aproximávamos-nos a passos largos de mais um abastecimento.
Seguíamos sozinhos, ou pelo menos ninguém mantinha o ritmo demoníaco com que íamos a enfrentar os pesados caminhos que se nos abriam diante dos olhos. Quem ia surgindo à nossa frente, mais cedo ou mais tarde acabava ficando para trás...
Lama e mais lama, água e mais água, num cenário horrífico que se estava a reflectir no estado e condição do material. Nós seguíamos absolutamente encharcados até aos ossos, mas era o material das bicicletas que mais se estava a ressentir com a inclemência das condições.
Foi por isso que optámos por parar ao chegarmos ao abastecimento. Fisicamente, tanto eu como a Sandra estávamos a tope! Com a adrenalina a bombear forte no sangue, nem frio nem cansaço eram palavras ou sensações que nos ocupassem os sentidos.
Os nossos "espanhóis" não param. Agarram numa fruta cada um e seguem caminho, numa estratégia claramente de ataque. Mas nós optámos por parar. Paramos, comemos convenientemente, hidratamos e sobretudo, lavamos transmissões e colocamos óleo em ambas.
Tudo em formato "Formula 1" com a devida paragem a não demorar mais do que o estritamente necessário. Trato da bike da Sandra antes da minha, ela despacha-se e arranca. Eu fico mais um minuto para terminar de lavar os meus óculos e entretanto chega o Bruno e o Hugo da Casa do Benfica! Umas palavras muito breves e despeço-me deles para me enfiar de novo ao caminho, novamente atrás da Sandra que já ia, também ela, atrás da Espanhola.


Saímos deste abastecimento com a informação dada pelos elementos da organização que teríamos que enfrentar um duro troço de caminho devido ao muito barro. A lama aquosa dava lugar a uma pasta semelhante a barro e que, de forma inglória e frustrante, ditou o fim da nossa aventura e da nossa corrida por um lugar ao "Sol"!
Quando ultrapassámos aquele pesadelo encontramos a espanhola ainda a retirar lama dos sapatos. A cara dela era o espelho do que lhe ia na alma. Por uns segundos os nossos olhares cruzaram-se, no instante exacto antes dela se voltar a montar no selim, mas foram absolutamente reveladores do desalento e cansaço que estava a acusar. E para além disso, estava sozinha. Começava a acusar mais cansaço, ou pelo menos assim aparentava, que eu ou a Sandra.
Ela segue e nós ficamos a retirar os quilos de lama que estavam agarrados a todos os recantos das nossas bicicletas. A Sandra liberta-se da lama mais depressa que eu e segue caminho atrás daquele 2º lugar num pódio inimaginável há umas horas atrás e agora tão "palpável".
Eu levo um ou dois minutos mais a fazer-me ao caminho. O meu travão traseiro recusava-se a cooperar e não o conseguia colocar no sitio. Apresentava já sinais de desgaste avançado. A Sandra também já vinha com problemas nos travões fazia algum tempo. Ouvi-a reclamar vezes sem conta que estava sem travão traseiro desde o km40, mais coisa menos coisa e à frente tinha um "abrandador".



Seguíamos agora numa zona de pinhal, e a determinada altura, surge nova rampa que vencemos com as bicicletas às costas, seguida de mais uns trilhos relativamente à cota. Seguia com a Sandra ao alcance da vista e a determinada altura, após uma descida curta, vejo a minha companheira parada no meio do trilho de duplo rodado a olhar para a bicicleta.
Continuava a chover e agora com alguma intensidade.
Parados, tentamos perceber o que se passa com o sistema de mudanças traseiro que não se mexe para além da 3, 2 e 1ª velocidades.
Em menos de nada apanham-nos o Hugo e o Bruno. Os 4 a olhar para o sistema e não descortinamos o eventual problema. Gasto toda a minha água na tentativa inútil de lavar o sistema e perceber se haveria alguma pedra, areia, pau ou detrito de qualquer espécie que impedisse quer o desviador traseiro quer o shifter direito de funcionarem. Nada encontramos.
O frio atinge-nos de forma avassaladora. Quando dou por mim, já tremo, encharcado como se tivesse entrado dentro de água, vestido. A Sandra cheia de arrepios diz para largarmos aquilo e seguirmos... como pudermos...
Os companheiros do Benfica acedem, eu acedo e arrancamos novamente, mantendo a esperança que fosse possível, de alguma forma, recuperar as mudanças da bicicleta da Sandra e voltar a correr atrás do prejuízo e da Maite Paveso, a "nossa" espanhola... Mas não foi!
As descidas passaram a ser feitas a mil à hora, comigo a ouvir a Sandra a dizer por muitas vezes "Ai mãe! Ai mãe!" enquanto descia rampas e caminhos abaixo sem conseguir abrandar o suficiente para as descer em segurança, e comigo sempre à espera de quando iria acontecer a queda que, felizmente, nunca aconteceu. As subidas eram feitas com as mudanças possíveis e quando era preciso puxar pelo "coração" e pela "garra", estas pareciam ter abandonado a nossa dupla!
A desmotivação, o desânimo e a frustração instalaram-se, tomando conta da Sandra e em parte de mim também.
Os planos eram as secções mais frustrantes e felizmente houve poucos até novo controlo e terceiro posto de abastecimento. Aqui, uns poucos metros antes, tentámos ainda lavar as bicicletas num chafariz à boca da povoação onde estávamos a entrar e dar nova vista de olhos ao sistema. Mas nada encontrámos nos primeiros minutos e rapidamente entrámos novamente num estado de enregelamento que não nos permitia perder muito tempo ali parados sem corrermos o risco de apanhar uma pneumonia ou entrar em hipotermia.
A minha frustração por não conseguir solucionar o problema de forma célere e eficaz não era mais pequena que a frustração da Sandra por ter que deitar a toalha ao chão e assumir tão inglória derrota. Só não o podia demonstrar...
Chegamos ao controlo/abastecimento uns metros mais à frente. Levávamos nesta altura 60kms percorridos e fisicamente estávamos impecáveis. Moralmente a conversa era outra...
Petisco mais qualquer coisa enquanto a Sandra fala com as senhoras do abastecimento que lhe perguntam se pretende abandonar e desistir ali. Ela diz que não e que irá seguir até final!
Ainda não tínhamos arrancado e chega novo casal. Ambos num ritmo tranquilo, param e dão dois dedos de amena e descontraída conversa com restante malta. A Sandra monta-se em cima dos pedais e arranca do controlo numa tentativa vã de manter o seu actual terceiro posto.
Voltamos a passar os companheiros Benfiquistas parados uns metros mais à frente e ainda dentro da povoação. O caminho é absolutamente plano ou com muito poucas inclinações. Apenas a imensa lama e enormes poças de água nos trilhos impediam alguém de circular a velocidades bastante altas. A nós, era o facto de não termos mudanças...
A Sandra ia a pedalar "em vazio", ou a "bater claras" como também se costuma dizer! Circulávamos a uma média de 12km/h onde deveríamos ir a 25 ou 30km/h.
Rapidamente somos apanhados pelo casal que tínhamos visto chegar ao controlo, uns minutos antes. Ultrapassam-nos em amena cavaqueira e em ritmo de passeio, que ainda assim era bastante superior ao nosso.
A Sandra não resiste à sensação que lhe crescia no peito desde há umas horas. Rebenta em lágrimas de desânimo e de frustração. Via na cara dela toda a raiva por não controlar a situação e toda a tristeza por ter que abandonar a luta de forma tão injusta. Não nos reconhecia naquele momento. Uma "pareja" dura de roer, fisicamente capaz de lutar até aos metros finais mas completamente derrotada psicologicamente, arrastando a moral pela lama, literalmente...
Seguimos calados, sem que me fosse possível fazer nada pela moral da minha companheira, ou pela minha. O tempo mantinha-se uma merda, com chuva intermitente e frio... esse sacana que agora começava a ganhar lugar no corpo que já não conseguíamos manter quente debaixo da roupa completamente ensopada em água e lama.
Algures perto do km75 somos apanhados por uma chuvada realmente forte e intensa. A Sandra que, sem moral apeava em quase todas as subidas mais duras, pede-me o impermeável para vestir. Vi naquele momento nos olhos dela o quanto ela não queria estar ali, mas nada disse. Nem eu, nem ela. Veste o impermeável e segue empurrando a bike rampa acima. Paramos no topo desta e comemos meia barra cada um. Eu tomo mais um gel. E é neste intervalo que somos novamente apanhados pelos companheiros do Benfas, para não mais os vermos até final.
Já pouquíssimos atletas víamos, e os que connosco se cruzavam traziam nas expressões toda a dureza da prova, toda a inclemência das condições. Ouve alguns companheiros que, ao nos ultrapassarem, mandavam o tradicional bitaite do "Está quase" ou "Já faltou mais"... E eu, por mais que uma vez achei que ia sair um "Vai pr'o caralho" da desmoralizada Sandra, mas nada mais que uns grunhidos quase imperceptíveis... Estava a ser difícil para ela gerir tamanha frustração...
E estava a ser difícil para mim gerir o desânimo dela, mas nada podia fazer. Lá ia largando uma piada aqui ou ali, mas no compito geral, mantinha-me caladinho que nem um pinto. Sentia-me pequeno...
Os quilómetros iam passando devagar e demolidores para o material. O meu travão traseiro tinha entregue completamente a alma ao criador uns quilómetros mais atrás e os da Sandra já mal cumpriam a função de abrandar... Muitas das descidas foram inconsequentes e perigosas mas nada havia a fazer. Foi um pedaço de tempo de cruzar os dedos e esperar pelo melhor.
Somos alcançados por um companheiro que nos indica que o próximo abastecimento iria surgir por volta do km80 e assim foi. Mal paramos, mesmo apesar de este ter aparecido depois da zona mais "rompe-pernas" destes últimos 20kms.
Lembro-me de pensar, completamente gelado, que faltavam somente 16.5km para o final e que sabia serem rolantes. E terrivelmente lentos no nosso caso!
Mas devagar se vai longe e lá chegamos à base daquela que foi a última subida do nosso pouco cansativo mas muito triste dia. A calçada de acesso à povoação de Idanha-a-Nova, pelo seu lado Sul. Terrivelmente empinada e intensa foi quase toda feita apeados, tranquilamente. Trazíamos já a moral um pouco mais recomposta, ou pelo menos a Sandra já falava novamente, mais que não fosse para maldizer da escolha daquela rampa e da violência da mesma! A voz da frustração e cansaço moral em todo o seu esplendor. Caso a luta por um lugar no pódio estivesse ao alcance, tínhamos subido aquela rampa com lume no cú!



Estávamos a menos de 1.5km do final e isso era sinónimo de que, pelo menos, havíamos completado a jornada e isso já ninguém nos podia tirar. E olhávamos para trás e víamos que nem sequer éramos os últimos...
A determinada altura, a Sandra ganha um pouco de fôlego e diz-me que bonito era ainda conseguirmos ultrapassar o companheiro espanhol que seguia a nossa frente. Esgueira ares de fazer um ataque, pisa no pedal e ultrapassa-o, sempre a subir. Mas desiste da atitude e esmorece uns metros mais à frente. Tenho que lhe dar dois berros, picar-lhe aquele rabo e dizer-lhe para se deixar de mariquices! Ela lá acorda para a vida e vai buscar forças à garra que tem. Entra no recinto da feira à minha frente e atiro-lhe um "tu tem cuidado" porque esperava a entrada tradicional no recinto, que acabou por não acontecer, tendo sido a desta edição bem mais fácil que todas as outras em que participei...



A miúda agarra-se com unhas e dentes aos travões para conseguir fazer abrandar, mal e porcamente, aquele bicho de 15kms e mais uns quantos de lama, para entrarmos na manga final e cruzarmos a meta juntos, para assim darmos por terminada a prova que menos prazer nos deu em concluir. A minha companheira não conseguia esboçar nenhuma emoção, nem um sorriso, nada...
Isso apenas aconteceu quando percebeu que não havia sido a última mulher a cruzar a linha de chegada e que quem chegou depois dela era uma das atletas que eu tinha como candidata a um dos lugares do pódio.



A prova tinha sido dura para todos os que nela participaram e mais dura ainda para todos os que a terminaram. Na distância maior, dos 250 a sair na partida, apenas concluíram a prova 104, o que demonstra bem a exigência e dureza do percurso e condições que enfrentámos todos.
Mas o que nos desiludia era a certeza que reuníamos todas as condições físicas e psicológicas para ter outra prestação e ter concluído a maratona num tempo canhão. Reuníamos as condições para que a Sandra tivesse feito um brilharete e ter sacado um "Top 3" numa das provas mais exigentes em que já havia participado. Mas quiseram as sortes que fossemos derrotados por uma questão mecânica.
Talvez fosse o Universo a conspirar para que nos servisse de lição, talvez para nos tornar mais humildes, talvez para nos ensinar que na vida o que interessa não é o destino mas sim a viagem que se faz até lá chegar (tão cliché!)... Talvez isso tudo e muito mais. Talvez para nos obrigar a descobrir ainda mais sobre nós próprios, do que somos capazes, mas acima de tudo, do que precisamos melhorar!

Saímos de Idanha, no entanto, com a certeza que fizemos o que podíamos e deixámos tudo o que tínhamos para deixar naqueles trilhos e durante os primeiros 50kms fizemos uma prova de grande nível. Andámos com os da frente durante algum tempo, fizemos uma saída de topo e mostrámos a nós mesmos que temos nível para nos batermos com malta do aço e aspirarmos a mais... Bastante mais!

Em relação à organização, nada a apontar de negativo. As marcações estiveram impecáveis e sempre nos lugares certos. Os abastecimentos estavam ao mesmo nível do que me lembrava, com várias frutas, barras energéticas, barras proteicas, marmelada, bolos secos e húmidos, sumos, águas e calor humano!
Faltou talvez um outro apontamento num ou outro abastecimento para ajudar na mecânica, como mangueiras com água já que as condições estiveram mesmo muito duras. Óleo e afins não digo que tenham que ter porque isso deve fazer parte dos itens a transportar por cada atleta.
Os banhos estavam a ferver como constataram os nossos companheiros da Casa do Benfica - assim como o nosso, tomado no quarto que o Hotel nos voltou a disponibilizar  - e o almocinho sempre afinado, com o porco no espeto a não desafinar, animando o estômago e recompondo o corpo e ânimo.

Em resumo, uma prova ao nível das melhores, com trilhos e paisagens brutais - quando possíveis de apreciar - e que exige da malta algum empenho para a concluir, principalmente em dias menos bons. No dia de hoje, a palavra que me ocorria ainda não tinha terminado a jornada era "Épica" e ainda hoje concordo com ela.

Foi, sem sombra de dúvidas, um dia épico e memorável!
Mas, mesmo sem querer e inconscientemente, penso que ambos ficámos com vontade de lá voltar para o ano, novamente! Mais que não seja, num tira-teimas moral de adoçar o amargo de boca com que fomos brindados este ano...
E com alguma sorte, que eu não tenha que saborear tanta lama, literalmente, como a que mastiguei e engoli nesta XI edição!

O track GPS pode ser encontrado na localização do costume, seguindo este link.
A maioria das fotos apresentadas nesta crónica são da autoria do fotografo Nuno Maia.
A totalidade das fotos pode ser vista aqui, na página da ACIN.

Vemo-nos por aí.
Abraçorros!