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sábado, 24 de outubro de 2015

V Rota do Ocidente - Edição 2015

Organizada pelo Jorge Pedroso e com uma descrição que incluía passagem nos "mais belos trilhos da costa entre a Ericeira e o Cabo da Roca" era um evento de participação obrigatória!
No entanto, a realização "oficial" do mesmo só foi possível aquando da marcação de segunda data para a realização do evento devido ao Furacão Joaquim ter deitado por terra as vontades da malta na primeira data anunciada.
Para a nossa dupla calhou bem pois estávamos em Idanha-a-Nova nessa altura.

Assim, lá tirámos o rabo da cama bem cedinho - bem mais cedo do que o aconselhável - e mesmo apesar da iminente ameaça de chuva e de dia manhoso, lá nos fizemos ao caminho até a vila de Fonte Boa da Brincosa, lugarejo à beira da costa da Ericeira, onde iria ter inicio esta mega rota de BTT!
Só não fomos os primeiros a chegar porque já lá estava um companheiro estacionado quando estacionámos a caixa com rodas. Eu vou ao café beber a bica da praxe e quando volto já la estava alguma malta conhecida e já tinham conseguido arrancar a Sandra do conforto e quentinho do carro.
O Pedro Pereira, o Jorge (que a Sandra arrancou da cama, literalmente) e outra malta conhecida foi aparecendo, acabando por formar um grupo simpático, com cerca de 16 companheiros.
Estavam à nossa espera cerca de 95kms de caminhos com mais de 2000m D+ por montes e vales das redondezas! A malta estava, por isso, entusiasmada...



Arrancamos todos juntos mas a determinada altura perco a Sandra. Ou melhor, ela perde-nos a nós... Teve que parar para tirar um pau que se metera no meio do travão traseiro e em menos de nada ficou sozinha, sem GPS e sem saber por onde era o caminho quando ainda estávamos na povoação da Fonte Boa da Brincosa. Já estava a voltar para trás quando o meu telefone toca! Uns minutos depois e estávamos de novo juntos, a caminho do Cabo da Roca, a pedalar no final do grupo, sozinhos!
Não chovia e a temperatura óptima para curtir os trilhos como mereciam.

Fomos rolando com atenção redobrada porque não queríamos uma queda nem nenhum azar. Começamos a passar por trilhos mantidos pela malta do Clube Mafra BTT, a quem deixo desde já uma palavra de apreço! Que brutalidade de trilhos e que trabalhinho ali têm feito para os manter. Mesmo muito bom. Claramente, outro nível! Meus amigos, vocês estão lá no alto!
Trilhos brutais e um ou outro engano meu que nos deu, pelo menos, mais umas subidas extra... Ando mesmo a perder qualidades na leitura do GPS(!) Ao contrário do vinho do Porto, eu neste caso, é mais "Quanto mais velho, pior(!)"
Fico a conhecer, entre outros, o famosíssimo Trilho do Sr. Heitor... Que maravilha! Um singletrack no verdadeiro sentido da palavra, com um percurso extraordinário e com uma boa extensão... Fluído, sem grande técnica mas mantendo-se divertido... Mesmo um privilégio poder ali passar e daquele trilho usufruir! Obrigado, Mafra BTT!
Fizemo-lo relativamente devagar e sem pressas. O piso estava excelente com elevada tracção e aderência, mas a atenção e cuidados redobrados devem-se a outros factores que a seu tempo revelaremos, mas que irão ser tónica dominante nos nossos futuros passeios de BTT!
Mais à frente e sempre por trilhos em perfeito estado, novo engano meu. Desta vez mais chato de corrigir porque descemos ao invés de subir(!) Grrrr

O nosso ritmo era descontraído, sem pressas, mas acabamos por apanhar o maior grupo de companheiros que iam a concluir a Rota...
Tudo malta amiga e conhecida da Sandra. Acabamos a fazer na companhia deles a primeira grande subida da manhã... No topo desta paramos para comer uma barrita e esperar pelos restantes companheiros que tinham ficado um pouco para trás. Eu vinha a sentir-me bem e tinha vindo a espremer os pedais por aquela rampa acima, trazendo alguns comigo e inclusive a Sandra, mas alguns companheiros haviam ficado um pouco para trás. Daí que esperar por eles foi obrigatório mas também não demorou quase nada.
Já todos juntos, eles seguiram e nós ficámos mais uns segundos a terminar de comer e eu a despir o impermeável que não fazia sentido continuar a trazer vestido.
Eles despedem-se com um "Vocês já nos apanham"!

Mas tal nunca chegou a acontecer...
Cerca de 1,5km mais à frente e durante uma subida curta com alguma inclinação vi-me obrigado a desmontar pelos piores motivos. Terminava ali a nossa aventura, mas disso não suspeitava quando percebi o que se havia passado.
Ao transpor uma raíz e no preciso momento em que meto força nos cranks para subir aquele degrau natural, ouço um estalido agudo, seguido de "snap" característico.
A minha corrente tinha cedido ao cansaço e agruras dos milhares de quilómetros que já percorrera, sendo que os últimos haviam sido demasiado violentos. A bem da verdade, já havia percebido que a mesma estava a queixar-se mais do que devia e já no decorrer da maratona dos Trilhos da Raia achei que ela iria entregar a alma ao criador das correntes, mas lá se aguentou. Até ali!
Ahhh, pelo menos não chovia!
No momento em que percebi que havia partido a corrente não fiquei nem um pouco preocupado. Trazia dois elos rápidos na mochila e sentia-me tranquilo com a minha capacidade para resolver tal contra-tempo. Trazia-os sempre comigo, já há algum tempo, para o que desse e viesse ou para uma emergência como esta.
Só que me esqueci que os elos eram para correntes de 10v e eu estava a usar uma corrente de 9v, mais grossa. E só percebi isso várias tentativas frustradas depois de tentar montar os elos rápidos naquela corrente. Não fechavam, pura e simplesmente... Pudera(!)
Acabei por sacar mais um elo e cravar a corrente sem elo de ligação. Devido a ter destruído um elo quando partiu, de já ter descravado outro meio elo para montar os rápidos e de ter tirado novo elo para ter como cravar a corrente de forma definitiva, acabei por ficar com esta demasiado curta.
Após montado, o sistema ficou sob demasiada tensão, com uma corrente significativamente curta e com o desviador a ficar todo puxado para a frente, sempre em tensão....
A faltarem perto de 80kms para o final do passeio, achei por bem não abusar das sortes e comuniquei à Sandra que o mais sensato seria abandonarmos ali a ideia original de levar a V Rota do Ocidente a bom porto...



Percebi que ficou desiludida com a ideia... Os trilhos por onde passámos até então tinham sido todos eles de elevada beleza e o percurso estava a revelar-se realmente muito bom. A companhia e climatologia também estavam alinhadas nas estrelas... Tudo estava alinhado, menos a nossa sorte no que refere a problemas mecânicos que têm sido demasiado frequentes...
A Sandra aceita, resignada, a ideia de voltarmos à Ericeira por estrada.
Comentei com a minha parceira, a titulo de desabafo, que parece que cada vez cometo mais erros de principiante. Os vários enganos na leitura do GPS e erros como este não são de alguém com a experiência que já levo destas merdas(!) Fiquei algo desiludido comigo mesmo, mas isso já não lho disse.
E assim fiquei porque percebi que ela gostaria de ter continuado o passeio e que não o fez, por minha culpa...
Enfim!
Acabámos por voltar para trás por asfalto... Descemos e passamos a ponte por cima do rio Lizandro e à vista da praia com o mesmo nome, para depois subir o vale do outro lado. Tinha ideia que era uma subida longa, com algumas curvas, mas quase pareceu plana. Ou aquilo perdeu inclinação ou nós estamos mais fortes...
Em menos de nada passamos a antiga discoteca "SA" e mais à frente cortamos à direita para, 1,5km depois, umas quantas tentativas de sacar uns cavalinhos e um quase mortal entortado à retaguarda, estarmos novamente no carro, inteiros e sem mazelas (valha-nos isso)!
Secos mas com fome, partimos direitos a casa com passagem para um pão com chouriço quentinho na Aldeia Típica de José Franco, mesmo à saída do Sobreiro. Dois pães com chouriço enormes que papámos com gosto! E ainda trouxemos um pão de centeio que devia pesar 2kgs...



Ficou a vontade de voltar para concluir mais um passeio com a chancela de qualidade que o Jorge Pedroso associa a cada passeio a que se dedica. Pelos trilhos que nos foram dados a percorrer e por aquilo que a malta comentou no final da passeata... Temos que lá voltar!
E encurtar a passeata?! Naaaaa Jorge, deixa lá estar a coisa assim que assim é que vale ;)

O track deste passeio pode ser descarregado aqui: V Rota do Ocidente - Edição 2015
Ou a partir da pasta Tracks GPS aqui do meu blog...

Se quiserem ir dar uma espreitada nesta rota brutal, vão e curtam muito!
Mas não deixem lixo nos trilhos, não levem mais que fotografias e tratem as gentes locais com o respeito que elas merecem!
Para um BTT sustentável e também por respeito a quem se dedica a tratar daqueles trilhos com o evidente carinho que se percebe...

Abraçorros!
Vemo-nos por aí...

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