Páginas

sábado, 29 de agosto de 2015

Rota do Carapau 2015

Rota do Carapau 2015!
Ou a Rota do Pivete, como ficou internacionalmente conhecida.

A convite do Jorge Pedroso e do André Batista, a dupla responsável por mais uma edição da Rota do Carapau, juntaram-se perto de meia centena de amigos.
Todos ávidos do mesmo. De bons trilhos, de boa camaradagem e todos esperançosos de curtirem uma bela manhã de BTT, por trilhos e caminhos, alguns deles alucinantes, junto às falésias da costa entre as praias de Santa Cruz e Peniche.
Pelo menos na ida, porque a vinda, essa, haveria de ser um pouco mais pelo interior, largando a linha costeira e usando, e abusando, dos estradões que nos conduziram de Peniche ao Vimeiro e depois e então, novamente a Santa Cruz.


Se os trilhos da manhã privilegiaram a diversão, com singletracks para todos os gostos e kits de unhas, com caminhos e trilhos pendurados nas arribas desafiando a gravidade, o coração e as vertigens de muitos de nós, os caminhos da tarde foram bem mais rolantes e tranquilos. Pelo menos até à descida da Serra do Vimeiro e posteriores singletracks que fomos apanhando, alguns técnicos q.b, a exigir muito da técnica e outros verdadeiras paredes de escalada que transpusemos como podemos, muitas vezes acartando a bicicleta aos ombros.





A Sandra aproveitou – e de que maneira, devo dizer – a estreia dos seus novos sapatinhos. Segundo a própria, safaram-na de deixar umas quantas figueiras plantadas nos caminhos.
Verdade seja dita que a dureza, inclinações e tecnicidade do terreno que apanhámos não eram de todo compatíveis com o estado em que se encontrava a sola dos antigos sapatos da moça. Sola de sapatos de estrada, literalmente.

Pela parte que me toca, se durante a ida de pouco ou nada me queixei, se durante essas horas, de pouco ou nada o meu dorido e massacrado corpo se queixou, durante o regresso a história haveria de ser outra.
Durante os cinco dias que anteveram esta passeata andei perdido por montes e vales da zona Algarvia e pelos caminhos e trilhos da Via Algarviana. Uma aventura com mais de 300kms e mais de 8.000 metros  de acumulado de subidas que me havia levado de Alcoutim, na fronteira com Espanha, ao Cabo de S. Vicente, em Sagres. E agora estava ali, literalmente a papar com mais 100kms e cerca de 1700 metros de desnível acumulado para juntar ao total da semana... E com somente um dia de descanso pelo meio...

Se o corpo pedia repouso, eu não lhe dei ouvidos! Mas haveria de pagar a ousadia.



A determinada altura as dores nas mãos conseguiram mesmo dominar momentaneamente sobre o prazer de pedalar por bonitas paisagens com a melhor companhia do mundo e arredores.
Não sou de me queixar muito, embora me lamente quando assim tem de ser, mas pelo bem da verdade, a Sandra já não me deveria poder ouvir. Lamentei-me, queixei-me, gani e quase chorei de tanto que me doíam o raio das mãos. As mãos, os pés, o rabo...
Mas principalmente eram as mãos que mais me doíam. As mãos e os nós dos dedos. Os nós dos dedos principalmente.
Os nós dos dedos, senhores!

Só o incrível pivete e maus cheiros que apanhámos durante quase toda a passeata foram superiores ao incómodo que senti em cima do selim.
E oh pá, se cheirava mal!








Após o almoço a Sandra tomou conta do nosso comboio. Em em boa hora o fez. Tomou o touro pelos cornos e levou-me de arrasto atrás dela. Ao contrário do que costuma suceder, ao invés de quebrar nos últimos quilómetros, fez as honras à casa e liderou o nossoTGV particular, percebeu o meu lastimável estado, parou e deixou-me parar quando assim teve que ser e esperou! Esperou que eu me arrastasse e esperou que eu não berrasse antes do final. E eu como bem entendido, consegui manter o motor em andamento, sem este gripar antes da derrapagem final...


Mas quer-se dizer; Eu berrar, berrei, mas lá me aguentei...

Entrámos na ciclovia de Sta Cruz com os três elementos dos Metralhas à vista. Tínhamos visto os três de fugida, 12kms mais atrás e durante a última paragem para reabastecimento que fizéramos, já nem sei bem onde, mas que juntou a malta quase toda.
Uns minutos depois de arrancarmos, voltamos a perde-los. Voltamos a perder a nossa malta, não os Metralhas, que esses arrancaram ainda antes do nosso grupo. E voltamos a perde-los exclusivamente por culpa do meu fraco andamento, ficando novamente a pedalar sozinhos como até ali - e quase sempre - desde que saíramos de Peniche.
No entanto, o singletrack que agora levávamos, pendurado no alto das arribas, e já com o mar e as praias novamente à vista era qualquer coisa de muito bom e melhorou-me significativamente o moral. Isso ou o facto de estar a menos de 3kms do final da aventura. Sim, isso talvez tenha sido o aspecto mais relevante no novo alento que sentia.

Fosse como fosse a Sandra pretendia superar-se mais uma vez e ao meu sinal de “Go for it que eu cá me aguento” pisa no pedal como se não tivéssemos perto de 100kms e muitos metros de acumulado já nas pernas e arranca de talega engrenada, em ligeira subida, para ultrapassar os companheiros Metralhas, que avistámos ainda desde o alto da colina onde estávamos e de onde víamos já as estufas de Sta. Cruz e antes de começar a descer por mais um vertiginoso singletrack que termina numa ponte de madeira feita de paletes.
Assim acontece. Ao pisarmos a ciclovia e 1km depois acabamos a passar por eles tipo foguetes! Eu consigo ainda balbuciar um “boa tarde” quando passo por cada um dos três, ao mesmo tempo que vou barafustando que “a rapariga vai doida” e “com licença”...

Avistamos a placa que indica o centro da vila, mas seguimos adiante por onde manda o percurso GPS que vamos a seguir e que pretendíamos completar na integra, pela moral que isso implicava e pelo compromisso que tínhamos connosco próprios.

Seguimos assim por mais uns trilhos de areia. Mais ainda, além dos muitos que já tínhamos apanhado. Mais areia e mais um ou outro engano meu. O ritmo era demasiado alto para a minha cansada cabeça. Cabeça cansada, pernas cansadas, pés cansados, rabo cansado, braços cansados e mãos numa desgraça!

No entanto chegamos precisamente ao mesmo tempo que os companheiros Metralhas que tinham atalhado caminho à vista da tal placa indicadora do centro da vila e que nós havíamos ignorado justamente uns minutos antes. E chegamos também em perfeito sincronismo com a restante malta amiga, como se combinado tivesse sido, depois deles terem ido ver as ondas à beira da praia e lavar as vistas naquelas finas tiras de pano... ahhhhh de espuma, de espuma! Tiras de espuma que as ondas faziam e não nas tiras de pano que cobrem as moças na praia. Foi isso, foram ver as ondas!
Nós, pela parte que nos toca, cumprimos com o que nos comprometemos. Cumprimos o percurso na integra, sem chegarmos já noite cerrada!
Além disso e como já é nosso apanágio, saímos de sorriso aberto e chegámos de sorriso rasgado! De dentuças arregaçadas para cumprimentar a vida como ela merece!
Os sapatinhos a fazer pandent foi só a cereja no topo do bolo!

Abraçorros!
Vemo-nos por aí.

Frederico Nunes "Froids"

Os créditos fotográficos são devidos na sua maioria ao Diogo Mota, Rafael Correia e Jorge Pedroso.
O track GPS irá para a respectiva pasta "Tracks GPS" quando tiver um tempinho para actualizar o repositório (que está uma desgraça de tão desactualizado)

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Via Algarviana - Dia V

Via Algarviana em BTT / Marmelete - Sagres (Cabo S. Vicente)
Etapa 5 - 27 Agosto 2015

O dia amanhece fresco, igual que os restantes, mas à medida que o Sol ia subindo no horizonte, também a temperatura o acompanhava.




Este último dia passou por caminhos fáceis, sempre rolantes e tranquilos.
As paisagens sempre brutais iam amenizando os poucos esforços aos quais tivemos que sujeitar o corpo. Rolando rápido, acabámos por parar num pequeno café para a ingestão da necessária cafeína matinal.



Seguindo por estrada durante alguns metros acabamos por entrar nos trilhos novamente já perto da Barragem da Bravura, a qual circundamos durante uns três quilómetros.
Os estradões rápidos sucedem-se e é de forma célere que chegamos a Bensafrim, onde aproveitamos para carimbar mais um selo no nosso Passaporte e comer algo num café junto ao mercado da vila.
Ainda antes de aqui chegarmos, fizemos o favor de assaltar umas vinhas na busca de umas uvas que estavam com um aspecto divinal.
Aventura que é aventura, tem o seu momento de "chinchada" (!)





Daqui a Vila do Bispo estavam cerca de 30kms de trilhos à nossa espera. Estes foram sempre fáceis, alguns por bosques à sombra, até chegarmos à povoação de Barão de São João.
Passamos esta e após uma das maiores subidas do dia, por entre uma floresta de pinheiro-manso, chegamos ao marco geodésico de Pardieiro, com os seus 144m de altitude (!)

Após este monte, entramos na linha de eólicas que aproveita o vento naquelas paragens mais altas. Seguimos por grandes pistas de gravilha e entramos no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Foi para mim a pior parte desde dia. O vento frontal e as extensas pistas, quase planas, puxaram pelo que sobrava das minhas esgotadas pernas como se não houvesse outro dia no horizonte. E como não havia mesmo, eu dei-lhe forte nos pedais, fazendo a minha pequenina bicicleta de roda 26" rolar ao mesmo ritmo das meninas maiores dos meus companheiros. E em enumeras vezes, marcando o ritmo do nosso comboio.



Com Vila do Bispo já à vista, a cabeça do Pedro volta a pregar-lhe uma partida, começando a desesperar porque é que o percurso não ia directo para a povoação e andava "às voltinhas", como ele dizia...

Embora vissemos a Vila a menos de um quilómetro em linha recta, o GPS teimava em dizer que faltavam quase 3kms para lá chegarmos. Seguíamos por trilhos da ciclo-pista local e estes contornavam os montes e levavam-nos em passeio pelas imediações da povoação.
A entrada em Vila do Bispo foi feita com vento de frente, para junto do Hotel, carimbarmos mais um espaço no Passaporte da Via.
Aproveitámos e fizemos uma pequena paragem para comer alguma coisa no largo principal da povoação. Eu comi o que trazia de Bensafrim, porque após esperar quase uma hora por uma omolete acabei por desistir quando a senhora me disse que estava a acabar de fritar umas batatas e depois sim, iria tratar da minha comida... 50 minutos depois de eu ter pedido!
E ainda ficou a resmungar quando eu lhe disse que já não precisava de se incomodar.
O Algarve no seu melhor...

Daqui ao Farol do Cabo de S. Vicente não tem mais história, com os caminhos a surgirem fáceis, rolantes e rápidos, apenas o vento dificultando um pouco mais a jornada.



Em menos de nada temos à vista o Farol do nosso lado direito e a povoação de Sagres à nossa esquerda e ao fundo no horizonte, adivinhávamos o mar.
Seguimos a todo o vapor por aquela brilhante e fina tira cinzenta de um asfalto que me parecia tão macio quanto seda e todas as dores desaparecem, o peito enche-se daquela emoção tola e a garganta fecha-se para completar o estado de ânimo.

Estávamos a minutos de terminar uma grande aventura! A nossa aventura!
Algo que, sem qualquer dúvida, nos custou a conquistar. A todos algo de diferente, em alturas diferentes, mas todos tivemos que lidar com os nossos demónios, medos e fraquezas para conseguir estar ali, naquele momento, a rolar na direcção certa, direitos ao destino, sem percalços, mais perto a cada rotação dos pedais, tantas rotações daqueles pedais depois!



Os momentos que antecedem o final propriamente dito são para mim os mais intensos. Já conheço a sensação de outras aventuras passadas, mas não deixo sempre de ser esmagado por eles.
É um conjunto de sentimentos que não consigo explicar, de conquista, de superação, de vitória, de respeito, de pequenez, de humildade, um sei fim de sentimentos que nos cilindram, literalmente.



Foi a primeira vez que terminei uma aventura deste nível com companhia e aos meus companheiros tenho que agradecer tudo! A companhia, o espírito de valentes e de sofredores com que encararam as partes menos boas, a moral com que ultrapassaram todos os obstáculos e por me ajudarem a crescer com eles e me ajudarem a superar os meus medos e as minhas fraquezas, também!
Porque sem duvidas que fomos mais fortes juntos!

Pedro e Miguel, esta Via Algarviana é vossa e é minha, mas acima de tudo, é NOSSA!
Obrigado, amigos!

Não tendo pedalado ao meu lado, houve três pessoas que estiveram presentes em todos os momentos desta jornada e que, também elas contribuíram para que esta aventura tivesse um final feliz, e a quem deixo os devidos agradecimentos, do fundo do meu coração...

Um abraço especial ao meu pai. Aquele abraçorro do tamanho do mundo, por ter sido incansável a tratar do meu patudo e por ter sido o condutor de "serviço". Pela estafa que passou tanto no primeiro, como no último dia. Pela constante preocupação, pelas palavras de apoio e incentivo e por ser quem é!
Um beijinho maior que a Galáxia à minha mãe por aturar este filho maluco e por se sujeitar a uns dias de menor conforto longe da sua casinha, por mim e pelo meu "puto"! E por ser uma das pessoas mais honestas e sinceras que conheço e pelos valores que tem!
E, finalmente, para a minha companheira Sandra, que acredita em mim como ninguém o fez até à data.
Pelas suas palavras de incentivo, de força, de carinho, amor e perseverança!
Obrigado pela tua escolha em fazer parte da minha vida maluca, por seres quem és, pela tua garra e força que contagia quem te conhece e rodeia. Fico feliz só por me deixares fazer parte da tua vida e partilhar um bocadinho dessa tua "loucura" boa.
Obrigado por me fazeres mais forte, mais feliz, melhor! Por me preencheres e me fazeres voltar a ter gosto em rir e mostrar a dentuça! ;)

À restante malta amiga, obrigado também pelos incentivos e carinho!
Sem vocês, as coisas seriam possíveis, mas definitivamente que não teriam o mesmo sabor...

Um abraçorro do tamanho do Mundo!
Vemo-nos por aí!

Resumo da Etapa:
Distância: +/- 78Kms
Subida acumulada: +/- 1150m D+
Tempo total: +/- H
Tempo em movimento: +/- H

O track GPS pode ser conseguido no sitio oficial da Via, aqui.
As fotos deste dia podem ser vistas seguindo este link.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Via Algarviana - Dia IV

Via Algarviana em BTT / Silves - Marmelete
Etapa 4 - 26 Agosto 2015


Este quarto dia seria simples... Ou assim aparentava!
Em plena Serra de Monchique, ascender à Picota e seguidamente à Fóia, depois de passada a vila de Monchique. Os dois picos mais altos de todo o Algarve, sendo a Fóia a Rainha com a distinção de marco geodésico mais alto!
A Picota, segunda montanha mais alta de todo o Algarve é bem mais dura na ascensão e exigente nos caminhos que lhe rasgam as entranhas até lhe conquistarem o topo!

E nós haveríamos de provar toda essa dureza na pele do já massacrado esqueleto.
Foi para mim a etapa mais exigente psicologicamente, a exigir muito da cabeça! Foi terrivelmente cansativa porque passámos demasiado tempo quer a subir, quer a empurrar ou acartar a bicicleta às costas por entre moitas e giestas, por entre silvas e pedras.

De Silves saímos já os ponteiros do relógio tinham virado para lá das 08h30. Com o GPS a  apontar para Noroeste começamos a trepar as primeiras paredes logo ao segundo quilómetro. O trilho manteve-se depois em cumeada, visitando o topo de todos os montes que se lhe cruzavam no caminho, fazendo deste inicio de jornada, um ondulante e demolidor "rompe-pernas" até começarmos a vislumbrar no horizonte o perfil da Serra de Monchique com o marco geodésico da Picota a surgir, ainda envergonhado, no horizonte.



Acabamos por chegar às margens da ribeira de Odelouca, que cruzamos uma e outra vez. Cruzamos esta após a passagem da estrada asfaltada e deixando para trás alguns povoados desertos.
A placa mostra a indicação de Fonte Santa e o trilho perde-se por entre e frondosa vegetação do vale que segue o curso da ribeira.



Paramos para uma pausa em nova passagem pela ribeira. Uma pausa para descanso e para comer. Esta primeira parte de caminho tinha sido exigente e levou-nos algumas das reservas de energia que agora nos apressávamos a repor. Mas se a energia era possível de repor, a moral dos meus companheiros não aparentava ser a melhor, com o cansaço a deixar a sua marca no espírito destes aventureiros. Eu estava bem na cabeça, mas as pernas acusavam já verdadeiro desgaste.

Perdemos naquele sitio uns bons trinta minutos. A sombra apetecia e além disso fomos brindados com a companhia de um casalinho maravilha, jovem de espírito, mas avançado e muito na idade, que vinham de passeio. O casal de idosos vinha montado num daqueles carritos conhecidos como "Mata-Velhos" mas o senhor estava convencido que tinha um 4X4.
Se vocês vissem onde ele meteu aquele carrinho caminho acima... Ficavam ainda mais incrédulos do que nós ficámos!

O Pedro só dizia que eles iam fazer o "amor" mas com a idade que ambos aparentavam, tenho ideia que se o tentassem, um deles ia acabar com a espinha partida(!)
E meti os meus trocados na aposta em que seria a velhota, mas não ficámos para saber.

Desde a última vez que vimos o casalinho maravilha, que o trilho era de pé-posto. A única hipótese era fazê-lo a pé, empurrando a bicicleta quando assim era possível e acartá-la aos ombros quando tal não era. Pedalar foi virtualmente impossível em cerca de 3kms de trilhos.

Perdido no meio da densa vegetação acabamos por nos enganar e seguimos em frente pelo trilho mais marcado e pisado e acabamos por chegar ao complexo termal de Fonte Santa.
Sem perceber bem onde estávamos, o Pedro descobre uma "fonte" com água e os três atestamos os cantis, já vazios.
Eu atesto também claro, mas algo me leva a questionar aquelas construções e vou ler o que estava num dos papeis pendurados numa das maltratadas e sujas paredes...

Basicamente pedia para abrir a torneira e deixar vazar a água das banheiras após cada banho, e esperar que as mesmas ficassem vazias, fechar a torneira e deixar as mesmas voltarem a encher com a água proveniente da fonte termal.
A torneira que o Pedro tinha encontrado não era mais que o ralo de descarga da banheira onde os locais ou visitantes tomavam banho!
O local onde estávamos era o Complexo Termal de Fonte Santa, nada mais, nada menos.
Comecei a imaginar as velhotas e os velhotes a tomarem banho nus dentro daquelas banheiras de pedra esculpidas no calcário da serra e nós a enchermos os cantis com aquela água.
Sentia que era o mesmo que beber da água da minha banheira após um banho de imersão de alguém que não conhecesse... Ou mesmo que conhecesse... Era igual!
Imediatamente verto a água dos meus cantis e volto a enche-los com a água limpa que vinha da fonte propriamente dita, uns metros mais acima e que caía dentro da banheira, proveniente das entranhas da montanha.
Saio para a rua e trato de explicar aos meus companheiros que água era aquela, mas não quiseram saber! A sede e/ou o cansaço fê-los não se importarem puto com a minha conversa... Jasus, o que um gajo faz quando tem sede(!)


Seguimos uns metros atrás para corrigir o engano e continuamos a subir, a pé, por entre tojos e silvas, pedras e mais pedras, com um sol a pino sobre as nossas cabeças.
A cada dois metros ouvia o Miguel reclamar com alguma coisa. Ou era com as silvas ou era com os pontapés e caneladas que dava nos pedais.

Chegamos finalmente a uma pista em que dava para pedalar, mas tão inclinada e com um piso tão mau que era significativamente mais fácil continuar a pé. E eu assim seguia, subindo devagar, mais a pé que a pedalar, mas tranquilamente e acima de tudo, tranquilo de cabeça e consciente do que estava feito e do que ainda faltava fazer, ou de subir neste caso.

Perco os meus companheiros durante uns minutos para os ir encontrar encostados à sombra de um sobreiro. Completamente exaustos psicologicamente.
Não íamos ainda a meio da subida à Picota e eu sabia-o. Faltavam ainda muitos quilómetros até ao topo da Serra e começo a pensar em como iríamos conseguir vencer aquela jornada, juntos!

Começo, no fundo, a perceber o desenrolar da situação. Já o tinha presenciado antes e sei como as coisas são na prática. A moral é difícil de manter e quase impossível de recuperar depois de perdida e a dos meus companheiros estava pela hora da morte, literalmente,

Paramos assim que chegamos à estrada asfaltada e o Pedro embica para uma casa sozinha, com um senhor sentado à porta e à sombra. Estranho e até lhes grito que vão enganados, mas acabo por ir ter com eles ao vê-los parar junto do senhor.
Era a casa do senhor Manuel Maria Correia, que nos tratou de arranjar água fresca, mas mesmo fresca, fresca, do poço, e se deixou fotografar para a posterioridade, junto com o seu retrato de jovem onde constavam os nomes dos pais, além do seu.
De uma pobreza extrema, mas que não hesitou em ajudar três estranhos que à sua porta pararam a pedir água!



Continuamos já novamente atestados de água, boa por sinal, e com a consciência do que faltava completar até atingirmos o marco geodésico da Picota. Por saber que a linha do percurso cruzava perpendicularmente as curvas de nível do mapa aceitei a opção do Pedro em seguirmos por estrada até ao topo da Serra. No entanto também sabia que essa opção acrescentaria mais 4kms à distância total até ao cume.

Mas a subida por estrada fez-se bastante melhor que pelos trilhos, permitindo ir ganhando altura à serra de forma tranquila e suave. Só não era suave o calor que se fazia sentir, ainda para mais reflectido naquela tira cinzenta escura...



Mas após o asfalto ainda faltavam cerca de 1.5km de trilhos duros até conquistar a Picota e eu só tive a percepção da real dificuldade em que seguiam os meus companheiros já tínhamos parado novamente à sombra a 1.2km do cume.

Resmungavam com o caminho, com o que faltava, com o tempo, com o piso, com a falta de água, com a ideia de terem aceite aquele desafio, basicamente, com tudo e com nada...
Eu tentava a todo o custo minimizar os efeitos do desespero, porque sei como ele nos morde, como ele nos esgota e nos consome todas as forças. Tentava manter o Pedro com um ânimo que lhe permitisse seguir adiante, mas, no meu intimo, adivinhava já o desfecho da etapa.

Lá fomos seguindo, cada um como podia. O Miguel, forte de pernas, compensava o desgaste mental com força de sobra e o Pedro arrastava-se como podia, por entre as grandes pedras e regos daquele meio quilómetro final até chegar ao pequeno largo que antecede a trepada, literal, ao cume da Picota.

Ainda o tentei convencer a vir connosco tirar a fotografia da praxe mas nem disso foi capaz. E tive que o demover de seguir sozinho direito a Monchique e quase pedir por favor que esperasse por nós para que seguíssemos juntos para a vila, por estrada.
E assim acabou por acontecer.

Eu e o Miguel trepámos os enormes calhaus que nos levaram ao cume e ao marco da Picota, deixando as bicicletas e mochilas cá em baixo, tirámos as fotos da praxe e voltámos ao encontro do nosso amigo, o mais depressa possível para com ele seguirmos em direcção a Monchique, abortando o pedaço de caminho que consistia em descer da Picota pelo bosque, que dizem ser brutal.

Já em Monchique, aproveitamos para nova paragem num café. O Pedro mantém a mesma ideia de seguir por estrada para Marmelete, destino final desse dia e a apenas 17kms de distância.

O Miguel dizia que por ele seguia em direcção à Fóia e à conclusão da etapa, mas eu via nos olhos dele a incerteza da jornada. Já o tinha visto stressar variadas vezes durante o dia de hoje, com a distância que faltava, com as horas que faltavam, com a água que lhe iam faltando, que não me inspirava nenhuma confiança em seguir com ele para o restante da etapa.
Ou então era eu, a acusar também uma moral quebrada e mais frágil. Bem mais frágil depois do que me aconteceu na GR22 ao que costumava ser.

Mas o que era um facto é que o que me parecia sensato era seguirmos os três por estrada, mantendo-nos unidos e não deixarmos um companheiro sozinho e não nos metermos aos dois no mato, sem condições de levarmos de vencida a montanha...
Agarrado a este pensamento acabo por dizer que sigo por estrada junto com o Pedro, sabendo que isso iria obrigar o Miguel a seguir connosco, por arrasto.

Uma atitude e decisão que ainda hoje não sei se foi a mais acertada, mas sei que pelo menos não colocou nenhum de nós em riscos desnecessários!

Subimos ao centro da vila de Monchique para o respectivo carimbo na Casa do Mel e do Medronho e daí seguimos até Marmelete.
O caminho foi rápido, mas foi exactamente a mesma distância do que seria pelo percurso oficial. Mais ou menos 17kms, que sinceramente foram um prazer, pelo suave piso e qualidade do asfalto. As dores nas pernas durante a subida larga que ainda tivemos que vencer foram sendo substituídas pelo imaginário conforto de um banhinho fresco e revigorante e que estava agora a pouco mais de trinta minutos de distância...


Paramos na Junta de Freguesia de Marmelete para recolher a chave do nosso alojamento no Casa do Povo e seguimos rampa acima na companhia da senhora que nos viu chegar.
Uma camarata nova a estrear, ainda sem roupas de cama ou outras comodidades além das camas e colchões, foi-nos cedida gratuitamente e a qual muito agradecemos.
Mostrou-se como o descanso do Guerreiro e digno de Reis.


O jantar foi no restaurante mesmo colado à Casa do Povo e por volta das 18h30, servido com toda a simplicidade, eficácia e simpatia por uma catraia com uns 16 anitos...
Um luxo com direito a Wifi e tudo!

Após a janta fomos até uma pequena mercearia e comprámos o pequeno-almoço para o dia seguinte. Para aquela que seria a última etapa desta aventura e foi aí que fui assaltado pela realidade...

Estávamos, finalmente, em Marmelete! Faltava-nos um dia, rolante, de 80kms, mais coisa, menos coisa. Com o desnível declarado seria um passeio no parque.
Ou como dizem os Bifes: "A walk in the park"...
Seria mesmo?! Lembro-me de pensar, ainda antes de adormecer?!


Resumo da Etapa:
Distância: +/- 45Kms
Subida acumulada: +/- 2100m D+
Tempo total: +/- H
Tempo em movimento: +/- H

O track GPS pode ser conseguido no sitio oficial da Via, aqui.
As fotos deste dia podem ser vistas seguindo este link.

[Continua...]

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Via Algarviana - Dia III

Via Algarviana em BTT / Salir - Silves
Etapa 3 - 25 Agosto 2015

Sentia-me em casa, literalmente!
Sentia-me assim durante as primeiras pedaladas como me senti ao chegar na tarde anterior ao pequeno povoado de Salir.



Conheço relativamente bem esta zona, a zona da Rocha da Pena, devido às muitas viagens que aqui fiz para escalar, mais no passado, mais ainda assim muitas memórias, todas felizes, me assaltam a cabeça durante as primeiras pedaladas desta bela manhã.
O maciço imponente da Rocha da Pena vai-se mostrando com os seus tons vermelhos enquanto os primeiros raios de sol, já quentes, lhe acariciam as paredes calcárias! Como conheço aquela mole de pedra, aqueles recantos da sua falésia e muitas das suas sombras, os caminhos que até elas sobem e o café que lhes fica perto...

Mas hoje, já o tinha visto no mapa, iríamos subir o monte em frente. Oposto a Sul e terrivelmente empinado. O piso que teríamos pela frente e o tipo de caminhos que iríamos apanhar já eu fazia ideia de como seriam pelo que, ainda durante o jantar da noite anterior, tinha decidido que, se todos os factores se conjugassem na dureza e na adversidade, eu iria fazer a primeira grande subida do dia, que teria inicio ao km 7, a pé!
E assim foi!




Mas até lá foi um prazer. Caminhos ladeados por muros de pedra, antigos, com passagem por pequeninos aglomerados de casas brancas e muitos campos de cultivo, sempre em bosque, sempre à sombra, protegidos do calor matutino que já se fazia sentir.

Após a grande subida, mantemo-nos em cumeada durante alguns quilómetros, por trilhos técnicos com muita pedra, de um vermelho intenso e repletos de cheiros e barulhos. Estamos em plena paisagem natural protegida da Rocha da Pena.

Após a povoação de Benafim tivemos ainda direito a uma grande subida que vencemos sem pressas. Dura nas inclinações de algumas zonas, manteve um piso macio e em bom estado, permitindo pisar forte nos pedais e ultrapassá-la sem recorrer ao pedestrianismo.

Para mim, a melhor parte de todo o percurso do dia de hoje. Trilhos e caminhos ao meu gosto, técnicos e exigentes, com uma paisagem de tirar a respiração, que nos transportam até à zona de Fontes Grandes e Pequena, na ribeira de Alte a escassos metros de entrarmos na povoação propriamente dita.
Foram umas horas de verdadeiro prazer e deleite!

Fazemos nesta zona espectacular um merecido descanso e aproveitamos para comer algo do que comprámos na mercearia em Salir. O dia estava quente e uma breve paragem já apetecia.
O local é de uma beleza ímpar e, caso não seja pela fome e pelo cansaço, é para contemplar a beleza do lugar que qualquer viajante é impelido a parar!

Nós comemos, descansamos e fotografamos como e donde podemos. Eu, pelo menos. É que pese embora já conhecesse o local, não deixo de me deslumbrar com a sua peculiaridade, tranquilidade e beleza simples, mas voltamos a parar no centro da vila de Alte, uns metros mais à frente, para obter o respectivo carimbo no Passaporte como para reabastecer de água e Eu, para um café que ainda não tinha tido oportunidade de tomar.

O centro da vila pulsava de vida, com dezenas - ou centenas mesmo - de turistas estrangeiros e nacionais embrenhados nas suas ruas estreitas, nas esplanadas dos cafés, nos quiosques de postais...
Alte cheirava a Algarve que inebriava!





A próxima povoação a passar seria São Bartolomeu de Messines mas não foi fácil para os meus companheiros lá chegar. Depois da povoação de nome Perna Seca, os estradões dão lugar aos single-tracks técnicos e exigentes, com muita pedra afiada por todo o lado, obrigando mesmo a desmontar em algumas zonas. Mais por precaução com o material e com os furos do que com a dificuldade dos mesmos.
Muito, muito bom!
Trilhos realmente divertidos e menos monótonos dos que vínhamos a apanhar até então, mas se uns (Eu) adoram, outros, como os meus dois companheiros de aventura, detestam!

Muitos metros foram percorridos a empurrar a bicicleta pelo nosso companheiro Pedro, deixando este um role de asneiras no caminho de fazer corar o mais leviano dos boémios!
Mas tudo tem um fim, e passado alguns arranhões, estávamos de novo a pisar estradão, mas a pedra essa, mantinha-se lá, debaixo das rodas, a obrigar a um pedalar atento e menos confortável. A ser o denominador comum de todos os trilhos até ali! Mas por agora, sem grandes dificuldades físicas ou técnicas a vencer. Rolámos soltinhos até ao Barranco do Vale e ribeiro do Meirinho onde percorremos mais um single-track fabuloso e muito técnico.
Mais dois ou três quilómetros e avistamos São Bartolomeu de Messines. O necessário carimbo leva-nos à Junta de Freguesia da localidade e em frente desta fizemos a necessária paragem para almoço.

Num café com sombra, almoçamos as sandes que trazíamos de Salir, às quais juntámos uns extras. No meu caso, uma coca-cola fresquinha, um gelado e um cafézinho para rematar. Junto com a conta peço uma garrafa de água de 1.5L fresca a estalar e que entra inteira para dentro dos dois cantis, já completamente vazios.

Arrancamos e passamos a linha do comboio em direcção à ribeira do Arade que apanhamos uns quilómetros mais à frente. Esta parte do percurso foi muito bonita e rolante, sempre ladeando este enorme curso de água, fazendo do dia tórrido, algo bastante mais suportável. Uma leve e fresca brisa seguia-nos ao longo de todo o vale e manteve-se até ao paredão da Barragem do Funcho.


Devido ao facto de não ter olhado para o mapa do percurso da etapa, desconhecia que a zona mais dura de toda a etapa estava depois do muro da barragem, com uma subida duríssima e muito extensa. Por desconhecimento, deixei muito pouca água de reserva no cantil que ainda mantinha algum do precioso líquido. Fui ao engano do meu companheiro Pedro que indicou a subida que tínhamos acabado de vencer até à zona de merendas no alto da Barragem do Funcho como sendo a última do dia e haveria de pagar essa desatenção a um preço exorbitante e com juros de mora!

Após a vertiginosa descida e consequente passagem pelo muro da barragem entramos num vale tão fechado que percebi, quase de imediato, que não seria possível sair dele sem subir de forma estonteante, quase a pique.
Todas as paredes dos montes que nos envolviam tinham nelas rasgadas finas tiras de caminhos que me indicavam que nada naquele vale subia àqueles montes de forma suave e tranquila.
A minha transmissão começa também ela a fazer uns barulhos de quem não queria mais, de quem estava mais para parar e descansar do que para continuar naquela tarefa de subir metros à serra.

Apanho os meus companheiros parados à sombra de um chaparro, protegidos do sol que queimava a pino. A temperatura rondava os 40º! 41º, quase 42º para ser mais preciso...
Percebo que a subida que tenho pela frente é demasiado dura para mim e desmonto.
Fiz o restante a pé, a lutar contra as inclinações de algumas das rampas e contra o calor abrasador que se fazia sentir. Restavam-me dois ou três golos de água no cantil e assaltavam-me as memórias do que tinha vivido na Grande Rota das Aldeias Históricas de Portugal, nem há dois meses atrás.




Mas devagar lá acabo por vencer aquela grande tira de poeira e pedras, que rasgava todo o monte de forma perpendicular à sua pendente, desafiando a minha sanidade mental. Devagar, evitando qualquer esforço que não fosse assumidamente necessário, resguardando o corpo dos devaneios da mente, e lá chego ao cimo, junto aos meus companheiros que me esperam.

Entre-cortadas com algumas descidas longas e extenuantes vão aparecendo mais umas quantas subidas penosas e exigentes. O piso dos estradões era agora maioritariamente de poeira fina e pedras, muitas e de vários tamanhos, escondidas debaixo dessa camada de pó fino, cor de terra, creme, e que se levanta a cada passada e que se enfia em todo o lado....

Sinceramente, muito mais que o troço de Cachopo-Barranco do Velho, este foi o pedaço de caminho que mais me custou a superar, fazendo com que chegasse a Silves completamente nas últimas.
O cansaço era visível no rosto de todos, mas eu sentia-me exausto.

Ainda assim, e talvez pela experiência acumulada nestas andanças, tive que, de alguma forma, tomar a liderança nas decisões do que fazer quando o track do dia termina abruptamente a meio quilómetro de distância da povoação de Silves, onde tínhamos marcado o nosso alojamento, literalmente no meio de "nenhures".

Acabo por arrastar os meus companheiros até à povoação com a lógica mais racional que encontrei e que resultou bem porque todos entenderam que não tínhamos outra opção e quanto mais depressa a tomássemos, mais depressa poderíamos dar por concluído o dia e largar as bicicletas num canto e descansar.
Acabámos por encontrar a Residêncial Vila Sodré num ápice, graças em parte ás minhas capacidades de navegação com GPS acumuladas ao longo dos anos, situada no extremo oposto da vila de Silves a 2kms do local onde terminava o track GPS e do local onde parámos inicialmente.

Após as coisas encostadas a um canto, literalmente, fui tratar de dar um mergulho na piscina, na esperança de que se mostrasse tão rejuvenescedor como o primeiro em Salir, mas tal não resultou como esperava. O mergulho soube bem e foi reparador, mas não o necessário, muito menos o desejado. Talvez por culpa da pouca tranquilidade do lugar por estar ocupado com putos barulhentos e mal educados e paizinhos pouco preocupados com isso, ou por pura e simplesmente estar cansado demais para lidar com essas situações mais mundanas, mas o que é facto é que além do bem que soube no momento em que entrei na água, só voltou a saber bem quando abandonei o local de volta à tranquilidade do quarto onde os meus companheiros descansavam, tranquilamente e sem gritarias (!)



Falamos com a proprietária a acordamos o pequeno-almoço para as 07h30, ainda antes de sairmos para irmos tentar jantar pouco passava das 18h.

Escusado será dizer que acabamos a repor líquidos numa tasquita local, a beber umas cervejas e a comer umas sandes de presunto e a comer uns "mendoins".

A pé, fomos ao LIDL, a 600m de distância do sitio onde estávamos, comprar viveres para o dia seguinte e no regresso jantámos num restaurante self-service que caiu que nem ginjas!
No LIDL além da comidinha do dia seguinte, que passou por presunto, queijo, atum, gomas e pão, comprámos também pensos para o Miguel tratar as feridas que os chinelos lhe fizeram nos pés.

O homem pedala perto de 200kms até ali e são os chinelos que lhe fazem bolhas (!)
Dois pensinhos, um em cada pé e está o assunto resolvido...





O dia foi terrivelmente longo e extenuante, pelo que assim que tombo na cama, chegado ao quarto, adormeço de imediato.

Resumo da Etapa:
Distância: +/- 63Kms
Subida acumulada: 1700m D+
Tempo total: +/- H
Tempo em movimento: +/- H

O track GPS pode ser conseguido no sitio oficial da Via, aqui.
As fotos deste dia podem ser vistas seguindo este link.

[Continua...]