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domingo, 23 de agosto de 2015

Via Algarviana - Dia I


Via Algarviana em BTT / Alcoutim - Vaqueiros
Etapa 1 - 23 Agosto 2015

O arranque de Alcoutim estava marcado para as 08h, mas só acabaria por acontecer já passava das 08h30. Tinha apontado chegar a esta pequena povoação fronteiriça, plantada nas margens do Guadiana por volta das 07h30 e assim aconteceu, mas os encontros, os preparativos das bicicletas e mochilas e as costumeiras fotos da praxe fizeram o tempo voar.
E mesmo assim arrancámos sem ter tido tempo para beber café, pois tudo estava ainda fechado na pequena vila quando iniciámos as primeiras pedaladas.

O dia, esse, brindava-nos com uma manhã solarenga, apetitosa e dócil de temperaturas. Uma leve brisa, fresca e jovem, amainava e arrefecia o que o Sol já aquecia.

Os primeiros quilómetros correram rápido até à paragem no café Tempero, em Cortes Pereiras.
Parámos essencialmente por duas razões. A primeira e mais óbvia, que era tomar o café da manhã que ainda não havia tido lugar e a segunda, tentar perceber o que estava a impedir o meu simples sistema de mudanças de funcionar em condições.
Até este lugar, a minha transmissão tinha-me vindo a deixar algo preocupado, já que todo o sistema aparentava ir desintegrar-se sempre que era sujeito a qualquer esforço. Mudanças saltavam ora para cima ora para baixo e nenhuma volta ao cabo parecia ser suficiente para afinar a coisa. Nem uma volta, nem várias. Começava a desesperar...
No entanto, da mesma forma que o problema surgiu, também desapareceu.
Aparentemente, acabei por conseguir acertar com a afinação do sistema ainda em andamento, apenas ajustando a tensão do cabo do manipulo rotativo que tira e mete as mudanças, uma vez que quando me preparava para deitar uma vista de olhos ao sistema de forma mais atenta, durante a paragem em Cortes Pereiras, todo o sistema funcionava como funciona sempre, sem falhas(!)

Seguimos de novo com a moral em altas na direcção de Balurcos.
A determinada altura vejo uma placa com a indicação de Menires de Lavajo e imediatamente me assaltam as ideias das imagens dos menires que o Obélix acarta às costas pelo que faço o desvio para os ir visitar, mas afinal eram apenas umas pedras pequenas que até eu conseguiria acartar às costas, bem longe portanto daquele menir enorme, perfeito nas suas formas arredondadas, ainda maior e mais gordo que o Obélix em pessoa.



Seguimos viagem por terreno um pouco mais acidentado, com algumas subidas e descidas e cruzando alguns cursos de água, na sua maioria secos.
No entanto, voltamos a parar em Torneiros. Para voltarmos a comer e abastecer de água que um senhor que tratava da sua horta nos providenciou, mas essencialmente para descansar das duras rampas que já íamos apanhando aqui e ali, e principalmente a última de acesso à aldeia, que apesar de ser em cimento rondava os 16% de inclinação.


























Daqui a Balurcos, onde carimbámos um dos primeiros carimbos da rota, foi realmente um tirinho, sem dificuldades de maior. Estavam-nos guardadas para alguns quilómetros mais à frente, ainda antes de chegarmos a Furnazinhas.

A Ribeira da Foupana surge bem vincada no fundo do vale, e na parede do monte oposto surge, por sua vez, a rampa com perto de 1km de extensão, com declives máximos de 20% e que nos fez conquistar cerca de 175m de altura à serra, até nos levar a Corte Velha, onde esperávamos encontrar um café e que até existia mesmo, estava era fechado, há meses(!)

O Miguel já queria parar para comer qualquer coisa, assim a modos que, urgentemente. Ou como ele próprio disse, "Em qualquer lado"...
E esse "em qualquer lado" foi à sombra de um enorme chaparro que existia no caminho. O Pedro consegue fazer o Miguel arrastar o rabo até uma zona com sombra, de onde e afinal se avistava já a povoação de Furnazinhas, bem encaixada no pequeno vale, que até então se mantinha escondido da nossa vista.
Acabámos de comer ainda junto aos depósitos de água de Furnazinhas, na tal sombra, para descermos depois ao centro da vila para encontrarmos um café, onde reabastecemos convenientemente de líquidos e para procurar depois pelo lugar onde teríamos que carimbar o selo referente à conclusão de mais um sector.

Aqui, e a escassos metros do tal lugar, haveria de dar uma queda tão estúpida que ficará nos anais da história das quedas estúpidas! Quase parado, apenas com uma mão a segurar "mal e porcamente" no guiador e enquanto olhava para o GPS, a roda da frente encaixa numa pequena lomba do passeio e eu estatelo-me desamparado ao comprido no chão.

Raios parta a minha desatenção, lembro-me de pensar em voz alta, juntamente com um role de palavrões e nomes mais impróprios, todos dirigidos à minha pessoa.
Magoei-me, claro, que estas quedas servem essencialmente para duas coisas: Magoar o corpo e o Ego. E se o último me faz pouco dano, as dores no pulso e na canela resultantes da peripécia, já causaram algum.

Carimbamos o Passaporte e seguimos, novamente a subir em direcção a Norte e a Vaqueiros, a 20kms de distância. O terreno acidentado, com bastantes subidas e descidas leva-nos a passar por Monte Novo e Monte das Preguiças com a sua pequenas barragem.

O cansaço ia-se acumulando, mas após estas povoações quase desertas, e após a passagem por Malfrades, haveríamos de chegar à tão ansiada povoação de Vaqueiros e às Casas da Aldeia, nosso alojamento para a primeira noite.


Ás 15H45 já eu tomava um geladinho no café da pacata povoação depois das bikes encostadas e mochilas arrumadas. O banho e o jantar sucederam-se, sendo este último uma verdadeira ode às grelhadas mistas, com o qual nos empanturrámos até não caber nem mais uma grama de carne, nem mais uma batata frita, nem mais um pedaço de pão ou golo de coca-cola...


Resumo da etapa:
Distância: +/- 60kms
Subida acumulada: +/- 1600m D+
Tempo total: +/- 7H
Tempo movimento: +/- 5H

O track GPS pode ser conseguido no sitio oficial da Via, aqui.
As fotos deste dia podem ser vistas seguindo este link.

[Continua...]















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