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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Anything is Possible


The biggest challenge yet to come!
Stay tuned... May 2017 it's closer than it seems.

Because "Anything is Possible"!

domingo, 27 de setembro de 2015

Global Energy Race - "A Estreia"

Lisboa corre pela Paz!
Este foi o mote da Global Energy Race que aconteceu Domingo em Lisboa e que aconteceu também e em simultaneo em vários países e cidades do Mundo.
Uma corrida solidária que nos levou, a mim e à Sandra, a percorrer os 10kms que separam a Praça dos Restauradores, no final da Avª da Liberdade, da Torre de Belém, onde terminou a corrida com toda a pompa e circunstância.
Para mim, esta seria a minha primeira prova a correr. Foi a minha estreia oficial no mundo das corridas.
Fui comprar uns ténis novos, todos xpto para o efeito e tudo(!)
Seria uma estreia para mim e uma estreia para a Sandra, que mesmo habituadíssima a correr, inclusive distâncias de Meia-maratona com alguma tranquilidade e com tempos por km muito bons, bem abaixo dos 5 minutos, nunca tinha participado numa prova "oficial" de corrida.
No entanto, a coisa não prometia ser fácil para ambos.

A Sandra não corria há umas semanas valentes e eu nunca tinha corrido na vida. A "cenaça" prometia para os meus lados!
Para tal, treinámos afincadamente e que nos fartámos para o evento;
Eu corri, na terça-feira passada e na passadeira lá do ginásio, cerca de 5.5kms em pouco menos de 40 minutos, e a Sandra fez uma corrida de 7kms no Sábado de manhã.

Estes foram os nossos treinos! Estávamos, por assim dizer, preparadíssimos para enfrentar aqueles 10kms como se de uma corridinha matinal se tratasse. Mas, no fundo, era isso mesmo!
O nosso entusiasmo era alto e a moral estava ao rubro! Felizes e contentes saímos de casa prontos para atingir o nosso objectivo, que no meu caso, passava por aguentar uma boa passada até final sem parar a meio e a Sandra de curtir uma corridinha tranquila e acompanhar-me, zelando pela minha conquista de tão audaz objectivo!

No caminho para a prova conhecemos o Ricardo, que também iria correr no evento. Tipo bem disposto e porreiro, mas só voltámos a falar já no final da prova, onde nos voltámos a encontrar.
A prova começou às 10h30 e após as primeiras passadas, uma onda amarela enchia os Restauradores, Cais das Colunas e Cais do Sodré. A corrida iria estender-se até Algés, passando pela Avª 24 de Julho e Avª Marginal e depois regressaria novamente até terminar na Torre de Belém.

Nós arrancamos junto com aquele mar de gente. No empedrado da Praça dos Restauradores encontrar uma passada certa não me foi fácil. O inicio foi intenso e rapidamente chegamos ao Cais do Sodré. A estrada alarga e o piso melhora. Começo a tentar controlar melhor a respiração e a passada de forma a ultrapassar a "dor de burro" que já sentia. Em frente ao novo edificio da EDP já tinha essa situação resolvida e já tinha encontrado uma passada confortável para a minha nula experiência. A Sandra mantinha-se ao meu lado, a dar-me algumas indicações sobre como e por onde passar alguns atletas mais lentos e acima de tudo, mantendo o "nosso ritmo" debaixo de controlo, não me deixando quebrar muito nem me deixando acelerar muito... Ia também indicando os kms que iam passando. Ambos de Headphones nos ouvidos, essas informações eram todas transmitidas por gestos.
Chega o final da Avª 24 de Julho e passamos junto à estação de Santos. Corriamos a bom ritmo, agora.


Surge a segunda zona de abastecimento líquido que também aproveitamos. Agarramos água e continuamos sem abrandar. Sentia-me muitissimo bem, e mesmo não sabendo quais os tempos que estavamos a fazer, conseguia perceber que ia a correr de forma e com um ritmo minimamente aceitável. As pernas continuavam a impulsionar-me para a frente e o trabalhar dos quadríceps de forma ritmada e eficaz proporcionava-me muito boas sensações, pelo que o prazer de correr ia aumentando à medida que os quilómetros e os minutos iam passando...



A determinada altura somos ultrapassados pelo Ricardo, que tinhamos conhecido na ida para a prova.
E também fomos ultrapassados por muitos outros logo nos dois, três quilómetros iniciais, mas começávamos agora nós a ultrapassar alguns corredores com a nossa passada ritmada e constante.
Começamos a apanhar alguma malta a andar e isso aumentava a minha motivação. O nosso ritmo era alto. Sabia-o, mesmo sem fazer ideia a que ritmo iamos! Só tinha a noção que íamos a correr bem.

E tinha essa noção porque sentia que a Sandra também não ia a "pisar ovos"...
Tinha-lhe dito algumas vezes que, se eu começasse a quebrar muito, para ela seguir no seu ritmo porque tenho a noção do quão desgastante pode ser um tentar ir num ritmo mais baixo que o seu "ritmo natural"... É tão ou mais desgastante que ir num ritmo mais elevado.
Eu iria sempre tentar manter o ritmo da Sandra, mas sabia que isso não seria tão fácil quanto dizê-lo. Felizmente que a minha parceira é isso mesmo, parceira! E manteve-se comigo, mesmo ao meu lado, até final. Mas eu também não facilitei e dei sempre o meu melhor.

A Sandra ia-me indicando os kms que passavam com sinalética de mãos, mas ao km6 pedi-lhe que o deixasse de fazer. Tinha ultrapassado a distância que tinha corrido na terça-feira e levava as pernas a trabalhar a full power. Sentia-me estupendo! Vivo, com os músculos vibrantes e parar de correr era a última coisa que pretendia ou que me apetecia naquele momento, mas sabia que precisava de manter o foco e a concentração. O ritmo mantinha-se alto, nunca baixou. Mantinha a respiração controlada e a motivação a tope. Corriamos agora em plena Marginal e passávamos o Km8. Esbocei um sorriso quando avistei a placa indicativa na berma da estrada. Já havíamos passado o companheiro Ricardo, mesmo que eu não o tenha visto, algures entre o km6 e o quilómetro que agora percorríamos.
Mantive o foco e a concentração o mais possível, mas ao mesmo tempo ia a desfrutar imenso. Ia realmente a tirar prazer do que ia a fazer, do que ia a viver. Da actividade fisica em si e do esforço que lhe está inerente, do sentir o corpo pujante de energia, da envolvente com todas aquelas pessoas a correr e outras tantas a assistir e acima de tudo, por o ir a partilhar com a melhor companhia do mundo! A Sandra ia ali comigo, a par comigo, a correr junto a mim. Ombro com ombro, quase sempre. A ajudar-me naquele meu desafio pessoal, solidária comigo. A não ser ela e não teria corrido como corri, não teria dado de mim o que dei, e nem sei se ali estaria se não fosse ela, se não fosse por querer ser melhor, por ela. Por ela e por mim, claro! Mas nós não somos só as nossas escolhas, como se costuma dizer. Somos também o que os outros são em nós. Podemos ser melhores ou piores, mas somos parte dos outros, como os outros são parte importante da nossa Persona!


A Sandra faz-me querer ser sempre uma pessoa melhor. Ser mais e ser melhor! E é essa a parte que a Sandra ocupa em mim, no meu coração. A Sandra faz-me querer superar-me a cada dia que passa, ser melhor a cada respiração que passa.
A Sandra é isso em mim, mas é muito mais também! É a minha "Musa" inspiradora!

Sem dúvida que não o poderia fazer da mesma forma sem esta companhia ao meu lado!
Esta corrida foi exemplo disso. Acabei a fazer uma média de 5.11 minutos por km, o que segundo diz a malta da corrida, é uma média muito boa para quem corre pela primeira vez.

Fazemos a subida do viaduto que inverte o sentido da corrida e nos leva novamente no sentido de Lisboa, para irmos terminar junto da Torre de Belém. No alto daquela curta subida estava marcado o km9! Lembro-me de sorrir e ao olhar para trás, para a Sandra que seguia a 1,5m atrás de mim, vejo-a a sorrir também! Tinhamos conseguido. Faltava somente 1km.
Estava realmente cansado já, mas com as pernas ainda pujantes de força. Tinha "atacado" aquela rampa sem intenções de abrandar e assim continuo até lhe dobrar o topo. A Sandra cola-se novamente ao meu lado e iniciamos a descida. Continuamos a passar algum pessoal. O ritmo mantinha-se vivo!

Corremos mais uns 600 metros e entramos na manga da meta. Passamos por baixo do grande arco azul e alguém nos diz que a corrida termina apenas uns metros mais à frente. Continuamos, seguimos a par! E finalizamos, mais ou menos de mãos dadas, felizes e realizados, com o relógio digital a marcar 52 minutos e alguns segundos de prova.

Eu não cabia em mim de contente.
Tinha conseguido cumprir o meu objectivo e tinha-o feito num tempo que não achava ser possível conseguir, tendo terminado a prova em menos de 1 hora.
Estava felicíssimo. Mas melhor ainda foi perceber no sorriso da minha companheira, o orgulho que ela sentia em mim após a nossa "corridinha". Tinha superado, não só os meus objectivos, como também os melhores prognósticos dela para a minha prestação de estreante!
E essa é a sensação que quero experimentar em todos os momentos das nossas vidas.
Fazer algo de que se gosta, deixando quem se gosta, orgulhoso de nós e das nossas conquistas e realizações, sejam elas pessoais ou colectivas, desportivas ou profissionais.

Esta prova aconteceu porque a Sandra ganhou duas inscrições para a mesma, mas, como se costuma dizer, tudo acontece por uma razão!
Os desafios que assumi para um futuro que se aproxima, o nível de exigência que estamos a introduzir nas nossas prestações ao nível das bicicletas e respectivas provas e outras "brincadeiras" que pretendemos vir a concluir num futuro breve, obrigam o nível e intensidade dos treinos a aumentar significativamente.
Felizmente, descobri que gosto, realmente, de correr!
E ainda bem, porque esta corrida foi a primeira de muitas outras que estão para acontecer... Não necessáriamente "provas" no verdadeiro sentido da palavra, mas corridas "desorganizadas" e treinos mais duros e mais longos que estes 10kms.
E até já se pensa em realizar um ou outro "Trail", mas sobre isso, tudo a seu tempo!

PS: Um obrigado a quem de direito, pelos conselhos na escolha dos melhores ténis, os Adidas Supernova Glide Boost.
Sem as tuas dicas nunca me teria sido possível usufruir de tal conforto ao nível dos pés, durante e após a corrida. Verdadeiras pantufas, eficazes e no "size" certo. Sem sombra de dúvidas, com grandes responsabilidades no prazer e conforto que retirei desta corrida.
Mil obrigados pela paciência. 

E prometo que da próxima já terei em consideração a questão da "1ª camada"!


A crónica da nossa corrida vista e sentida pela Sandra, pode ser lida aqui... E aconselho!

Vemo-nos por aí.
De bicicleta ou a correr(!)

domingo, 20 de setembro de 2015

MDB - Volta dos Duros 5.0

A companhia prometia e não desiludiu. O percurso anunciava dureza e não facilitou.
Um pouco antes da hora marcada já eu estava estacionado à porta da loja do David, Mundo das Bicicletas, a remendar o furo na roda traseira com que terminara a prova de 3H Resistência BTT de Barcarena no dia anterior.
Em menos de nada troco a furada câmara por outra com líquido selante e trato de montar tudo novamente. Encho o pneu até ao topo, não me dando ao trabalho de ajustar a pressão para uma mais cómoda e mais ao meu gosto. O pneu ficou pedra e foi assim que cumpri os cerca de 42kms que a passeata durou!
Escusado será dizer que me queixei variadíssimas vezes, principalmente nas descidas mais exigentes, que tivemos bastantes, com pedra grande, pequena e assim-assim. Mas também tivemos direito a descidas com regos, raízes e... mais pedra! E eu sempre a levar porrada de uma traseira demasiado rija. Parei para ajustar a pressão? Claro que não! Ao menos garantia que não furava novamente! Esteve perto de me saltar um rim, mas tirando isso, tudo bem.
As subidas serviram para acalmar as coisas e também tivemos algumas dessas, subidas, digo. Umas duras, outras nem tanto. Umas boas, outras menos, mas todas nos levaram a algum lado, incluindo ao "famoso" Monte "K".


Do meu grupo, só eu levava GPS. Eu e o Vítor, mas este não levava o track carregado.
Assim, e por algumas vezes, acabei por ficar à espera do resto do pessoal. Uma delas, a que mais tempo me obrigou a esperar foi logo após o Singletrack do "Carrossel", onde passei primeiro que a restante malta que tinha ficado parada na ajuda à resolução de um furo de outro companheiro. Mas o pessoal lá apareceu e já todos juntos seguimos novamente na direcção do ponto mais alto do passeio, onde fizemos mais umas fotos para mais tarde recordar.
Os abastecimentos líquidos foram surgindo, já que o dia ia amanhecendo quente. Umas minis na primeira paragem e na qual fui "catado" - literalmente - com uma garrafa em cada mão!


O espírito mantinha-se ao mesmo nível dos trilhos, brutal!
O grupo era grande, mas ainda assim o andamento era vivo e expedito, principalmente nas descidas, em que embalados pela mestria do Jorge Pedroso e André Batista, rasgávamos aquelas rampas a velocidades algo impróprias para cardíacos. E eu sempre a levar porrada de uma traseira demasiado rija, porque nunca me dei ao trabalho de tirar pressão ao pneu!
Acabámos a passar em alguns dos estupendos trilhos que já tínhamos percorrido no passeio XXVII Fexpomalveira e que tão boas recordações me trouxeram, já que foi um dia memorável. Fazemos alguns desses mesmos caminhos já pertinho do final e quando demos por ela, estávamos na entrada da vila da Malveira, junto ao Supermercado e bombas da Repsol, onde acabámos por parar e efectuar mais um reabastecimento liquido...

Ainda subimos ao primeiro piso daquela grande superfície comercial para descobrirmos que as cervejas eram tão ou mais caras que na estação de serviço, ali mesmo ao lado, e que bicicletas - e seus donos - não são ali bem vindas! No entanto ninguém deu muito crédito ao segurança do supermercado que teimou apenas durante uns breves momentos, que teríamos que ir meter as bicicletas na rua! Não teve sorte nenhuma!

Acabámos por optar em ir à Repsol e tomar lá as tais cervejas frescas e seguir novamente para concluir o que faltava do passeio. Era perto das 11h e estimámos mais 1h30 para conclusão da passeata e não nos enganámos por muito.

Mais uns trilhos duros, com algumas subidas curtas mas intensas  mistura e com o pessoal já um pouco mais cansado lá fomos ganhando os quilómetros que nos separavam da conclusão da passeata, e ás 12h40 estávamos a terminar a aventura e a chegar ao local de onde abaláramos umas horas antes.

Todos de sorriso na cara, uns mais cansados que outros, mas todos divertidos e bem dispostos!
Os cumprimentos e felicitações da praxe e vai de fazer o brinde final, com mais um suminho de cevada fresquinho, que esta malta não faz por menos!




Fica também o link para o Track GPS na pasta respectiva.
Houve também direito a filme, não feito por mim, mas pelo companheiro Nuno e que passo a disponibilizar aqui.

Vemo-nos por aí!
Abraçorros.


sábado, 19 de setembro de 2015

3H Resistência BTT - Barcarena

Pois é!

Ora, assim para começar já pelo final, mais um pódio para a Sandra!
Mais um brilharete da moça numa prova com uma organização exemplar da SPORTpontoCOME e em que a Sandra, mesmo sem meter a faca nos dentes, teve uma excelente prestação, tendo conseguido andar sempre relativamente perto da Filomena e nunca ser dobrada pela grande Sandra Araújo, vencedora do escalão Masters Femininas, sendo o segundo posto ocupado pela Mena e o terceiro pela minha companheira.
Uma prova de luxo, num percurso muito bom, com uma organização e equipa de topo.

Mas vamos por partes;

A prova teve início às 16h - devido às teimosias do cronómetro "apenas" começou às 16h07, mas isso não interessa nada - e foi  uma bela prova. A organização, inexperiente, ia informando os atletas desse facto vezes sem conta, pedindo logo à partida desculpas por algo menos bem conseguido. Desculpas essas que não só não foram necessárias, como pelo contrário, todos os elogios são devidos.
Extremamente profissionais e atentos. Motivadores e precavidos. Nunca faltou água, laranjas ou bananas e muita gente disposta a ajudar. Os "chuveiros" para refrescar para mais uma volta, uma palavra de incentivo para mais um esforço, tudo esteve afinado ao mais infimo detalhe, fazendo parecer uma organização com muito mais experiência.
E o espaço, senhores, o espaço. Os Nirvana Studios foram o palco de toda esta aventura e que palco foram! Não podia ter havido melhor espaço! Algo muito fora do padrão e com muita, muita, pinta... A proporcionar o cenário ideal a este brutal evento.

A nossa prova decorreu sem grandes percalços, com a Sandra a arrancar na frente para se bater com as grandes, e eu a sair de trás, junto com a malta amiga do GDCTINCM e onde fiquei na conversa com o grande Adelino. Mas nas primeiras pedaladas não resisti e fui tentar colar na roda da minha parceira, o que consegui quase 1km mais à frente, tal não está bruta a rapariga.
Devido a este evento ser da parte da tarde e nós estarmos pouco habituados a isso, acabámos por nos atrasar um pouco e preparar tudo meio à pressa. Meio à pressa, não! Muito à pressa, mesmo. E com isso acabei por me esquecer da alimentação para a corrida, assim como da bebida isotónica, pelo que apenas pudemos contar com que existia no abastecimento, colocado logo após a meta e na entrada para cada volta. Este estava recheado de bolos secos, laranja , banana e água. Foram os reforços disponibilizados mas que sempre existiram de forma abundante. A equipa aqui presente foi incansável na reposição de liquidos aos atletas, em encher cantis, em dar fruta, assim como uma palavra de incentivo. Eu parei aqui em todas as voltas, na excepção da minha última.

O terreno de jogo não estava fácil, de todo. Muito solto, com pouca tracção e muito, muito falso, deu-me alguns sustos nas primeiras voltas, principalmente na entrada do Singletrack do percurso, numa curva com contra-curva logo após a passagem pelos "chuveiros".
No entanto, é também devida uma palavra aos elementos da organização presentes em todos os pontos sensiveis do percurso, sempre com uma palavra de atenção, de alento e de incentivo. Mesmo muitissimo bom, a fazer inveja a organizações mais adultas.
O trajecto contava com 7kms e pouco mais de 150 metros de desnível acumulado, mas que eram todos vencidos numa única subida. Longa e com duas secções verdadeiramente empinadas e que proporcionou muitos encontros entre os atletas e o Homem da Marreta, que por aqui andou verdadeiramente atarefado. Eu e a Sandra apenas desmontámos na primeira vez que lá passámos e por erro meu na escolha da melhor trajectória e por perca de tracção. Das restantes cinco vezes que lá passei - e as seis da Sandra - não mais baixámos do selim, tendo trepado o monstro sempre a esmagar os pedais! "Afinal, o sapatinho novo não foi feito para andar no chão", como disse a Sandra no seu rescaldo, e muito bem!
As placas motivacionais ao longo da empinada subida estavam porreiras e serviram o propósito! O calor em nada ajudou durante as primeiras voltas.

A Sandra andou sempre na minha frente, e depois da minha paragem no Abastecimento Móvel para provar o braquinho fresquinho, tudo se tornou ainda mais complicado para mim. Foi uma daquelas parvoíces que só depois de feitas é que temos noção do quão estúpidas são!
Fiquei com o estomago a arder e cheio de azia para a restante prova. Fui passado pelo André Batista nesta altura e não mais me consegui colar na roda dele, embora os tenha visto por mais do que uma vez, quase ao alcance, mas não mais lhes cheguei, com excepção da última volta que fiz, mas na qual acabei por terminar "furado".

 Andei relativamente bem de motor, mas a azia no estomogo deu cabo de mim, tipo "pica-miolos". Na minha 5ª volta pisei no pedal a fundo e fui apanhar a Sandra e restante malta, André e Adelino incluídos, a meio da grande subida. Passei pelo companheiro Bandeira no meio daquela rampa, com ele apeado a descansar e a passar palavras de incentivo à malta!

No entanto, e a determinada altura, devido a uma pancada mais forte que recebi nas costas, fiquei com imensas dores na zona dos rins, dificultando-me mesmo imenso respirar. Com isto, os meus companheiros voltaram a ganhar uns metros de distância. Cerca de uns 100m para ser mais preciso. Continuei a martelar nos pedais como pude e ao chegar à zona final dos trilhos antes de entrar nos Estudios Nirvana, onde fazia um vento frontal desconfortável, acabo por furar, ao ultrapassar um companheiro mais lento que eu. Senti o pneu trilhar numa pedra e percebi de imediato que o estrago tinha sido grave. Estando a rolar com uma camara sem liquido fui derrotado por um "Snake bite". Quando passei para a minha 6ª volta, já depois de ter passado pelo controlo e com tempo de sobra, ainda pensava ser possível continuar e que o furo não fosse isso mesmo, um buraco! Mas ainda não tinha entrado na zona de gravilha depois do abastecimento e já levava a jante encostada ao chão.
Apesar de ter o carro uns metros mais à frente e lá ter tudo o necessário, já não tive "vontade" de remendar o pneu - nao tinha camaras extra - e seguir para mais uma volta. A tal que me colocaria a par com os meus companheiros. Aliado a essa pouca vontade, estiveram as dores nos rins que me mantinham em dificuldades para respirar, e o cansaço acumulado das voltas anteriores.
Todos juntos foram determinantes, ditando o meu "abandono" ainda antes de terminado o tempo regulamentar.

Fiquei apeado na zona do abastecimento e voltei para trás para retirar e entregar o Chip de controlo. E ali fiquei a ver a malta a chegar, malta amiga e conhecida, todos de sorriso no rosto, uns mais cansados que outros, mas todos a transbordar de BTT do bom, de adrenalina e realização!

Uma tarde excelente a todos os níveis! Uma organização excelente a todos os níveis! E a repetir assim que possível...

Vemo-nos por aí!
Abraçorros!

Frederico Nunes "Froids"

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Fim-de-semana "Awesome"

O fim-de-semana que se aproxima vai ser um fartote!
E quando digo isto, refiro-me essencialmente à componente desportiva e social do mesmo. Não acreditais em mim?
Ora vejamos!

Sábado à tarde, o Gang do Sapatinho - Eu  e a Sandra, naturalmente - irá rumar até aos trilhos de Barcarena para participar nas 3 Horas Resistência BTT, organizadas pela Sport PONTO Come e que vai ter lugar junto aos Estudios Nirvana, em Barcarena, claro!
3 horitas de BTT, em circuito fechado, com cerca de 7 ou 8kms de extensão e 150m D+, mais coisa, menos coisa. Das 16H às 19H será sempre a dar o litro! A Sandra diz que o objectivo dela são as 10 voltas, como mínimo. O meu, nem sei qual seja. Essencialmente, divertir-me e tentar nao rebentar com o motor antes da minha parceira, o que me irá obrigar a cumprir, também, algo como as tais 10 voltitas ao circuito. Pelo menos! ehehehe

Para domingo, está reservada a manhã para a passeata organizada pelo David, do Mundo das Bicicletas, e que faz parte dos eventos com a chancela "MDB Volta dos Duros". Algo a rondar os 50kms, ali pelos lados da zona Saloia e que me irá fazer trepar uns 1500m de desnível positivo acumulado.
A Sandra ficará em casa com o Miguel. Também não vai ter direito a descanso, garantidamente!
Mas não faz mal que a companhia da restante malta que deverá estar presente preve-se excelente!

Espero que não haja lugar a grandes empenos porque tenho que estar cedinho em casa para tirar a laminha - se a houver - e almoçar!

Durante a tarde de domingo irei por em prática a minha faceta de baby-sitter. Irei ficar com o Miguel e o patudo, enquanto a Sandra participa nos 10kms da Corrida SEM, em Lisboa!
Uma corridinha solidária, que me irá abrir o apetite para a minha estreia nestas andanças, já para a semana. Espero por isso ficar contagiado com o ambiente e que a moral fique em alta para não me cortar antes de correr os meus primeiros 10kms, que convinhamos, para quem nunca correu mais que 5kms seguidos, vai ser dose!



Com isto tudo lá se vai o fim-de-semana e o hipotético descanso!
Mas também, quem é que gosta de ficar enfiado em casa, a morrer no sofá?!
(...)
Eu, ás vezes! ehehehe

Abraçorros,
Vemo-nos por aí!

domingo, 13 de setembro de 2015

Raid BTT "Raid do Tomate"

Raid BTT "Lisboa - Abrantes - Lisboa"
Also known As: "Raid do Tomate"

Numa segunda-feira como tantas outras, ao telefone e a páginas
tantas diz-me assim a Sandra:

- Oh pá, apetecia-me algo assim... Oh pá, apetecia-me algo diferente...
- Sabes, não temos nada marcado, podíamos ir dar um passeio qualquer, fazer assim qualquer coisa...
- Mas, qualquer coisa, tipo o quê?! - Pergunto eu, meio a medo!
- Oh! Qualquer coisa diferente! Assim uma volta maiorzita, sei lá... Podíamos usar o fim-de-semana.
- Uma volta maiorzita, como assim?! - Balbucio eu, fingindo não entender...
E volto à carga, perguntando:
- Queres fazer uma volta grande no fim-de-semana?! Mas... tipo circular?! Tipo, pedalar num dia e no outro logo a seguir?! E queres dormir fora de casa ou vir a casa e depois voltar a seguir?! - Pergunto eu de rajada já a ficar em pulgas e com a cabeça a viajar pelas mais variadas hipóteses e projectos que vou mantendo em "stand by"...

E foi mais ou menos assim que, com um a dizer "mata" e o outro "esfola" logo a seguir, partindo de uma vontade maluca da Sandra, surgiu uma ainda mais maluca ideia de efectuar um percurso BTT que unisse Lisboa a Abrantes e que nos permitisse ir jantar a casa dos meus primos a Alferrarede, ali, portas com portas com a cidade dos Abrantinos!
Faríamos assim o gosto ao dedo, tendo a certeza que aventura seria o que não iria faltar na viagem!
Ah e pedalaríamos! Sim, sem dúvidas que iríamos ter muito que pedalar... Mais de 300kms em dois dias, propunha o plano de loucos...

E assim foi!
Basicamente, 170kms durante o sábado, por muito caminho duro, principalmente os ultimos 70kms, percorrendo pistas, caminhos e trilhos perdidos do mundo com piso demasiado exigente para tais distâncias e mais 110kms no domingo de regresso a pedalar e mais 40kms feitos com a ajuda do Comboio que apanhamos na Azambuja, debaixo de chuva e vento, fartinhos já de asfalto e de rolar por pistas sem interesse nenhum, com um temporal de vento que não veio nada a calhar...

Mas pelo meio ficaram as melhores bifanas do mundo, ficou um jantar em casa do meu primaço Tiago e da minha "primaça" Zana, que nos mimaram como só eles sabem e que nos permitiram uma boa noite de repouso!
Serviu na prática como treino mas também para a Sandra conhecer a minha famelga mais chegada e para eu matar saudades deles e dos piolhos deles, do Francisco e da Joana! É que sendo sincero, as saudades já era mais que muitas!
Ficou muita descoberta por esse Portugal fora.
Ficou um pouco de nós nesses recônditos recantos de um país quase esquecido e abandonado e ficou também um pouco - ou muito - desse País em nós.

Uma passeata que nos levou a locais que ansiávamos visitar há anos e que só agora se mostrou a oportunidade, Uma passeata que nos levou a sítios de Portugal que desconhecíamos e que não fazíamos ideia serem reais!
Uma aventura que nos mostrou mais de nós mesmos.
Uma aventura que mostrou do que o #Gang do Sapatinho é capaz...

A Sandra irá certamente fazer uma crónica à altura da aventura! Eu hoje estou cansadito e não me apetece alongar muito no texto. Até porque tenho as imagens de video todas para editar. E posso-vos adiantar que foi a rir do principio ao fim!





Apesar da dureza da ida e do regresso, foi sempre a rir e a "palhaçar" do principio ao final da jornada.
Esperem pelo video e vão ver que não vos engano!

A Crónica da Sandra já aí está:
Dia 1 - Aqui

Abraçorros.
Vemo-nos por aí!

domingo, 6 de setembro de 2015

Maratona BTT Mafra80

A logística parecia quase impossível.
A Sandra e eu, dois miúdos e um cão. Tudo junto com uma bicicleta e mais duas mochilas além do material de BTT da Sandra. Tudo mais ou menos arrumado dentro da minha caixa com rodas.
Quando fechamos a porta traseira da carrinha a Sandra diz-me: É oficial. Tens o carro cheio!

E pelas 07h45 estavamos a sair de casa para uma aventura que jamais irei esquecer.

E eu nem pedalaria!
Logo Domingo que é sempre - ou quase sempre - dia de BTT. E neste caso, seria o dia da maratona de Mafra, para ser mais preciso. Mas não iria pedalar e não o iria fazer por decisão pessoal.
Ficaria responsável, apenas e só, por tomar conta dos dois miúdos da Sandra, de ir com eles ver a mãe passar em 4 ou 5 pontos dispersos ao longo de um percurso de 80kms e nestes pontos tirar algumas fotografias à malta que ia passando para mais tarde se recordar.
Se isto dito assim parece relativamente simples, na prática não foi assim tanto.

A Maratona Mafra80 é organizada por malta conhecida da Sandra e, devido a isso, amigos e conhecidos estavam um pouco por todo o lado.




O pouco tempo da manhã que nos sobrou desde que chegámos e estacionámos o carro, até ao toque do sino da partida passou num ápice. E à medida que a Sandra se ia preparando, eu ia-me ambientando ao que seria a rotina do meu dia.
Arrancamos para a zona de meta e a Sandra rapidamente se integra naquele ambiente que eu tão bem conheço mas que nunca tinha visto daquela perspectiva de espectador. Fotografia para aqui mais fotografia para ali e ia matando as saudades que também tinha de fazer retratos com uma máquina decente! Mas tinha que me manter concentrado em não perder nenhum dos putos, não perder o cão nem deixar este arrastar com ele nenhum dos catraios!




O excelente ambiente que se vive é propicio à enorme quantidade de sorrisos que se vêem por todo o lado, mas por debaixo destes, o nervoso miudinho da Sandra e dos restantes atletas era facilmente perceptível.
A Sandra iria fazer a sua estreia em provas deste género, pedalando o percurso maior, sozinha.
Iria estar entregue a si própria nesta aventura. Uma corrida contra o seu intimo e contra duas ou três adversárias que ambos sabíamos difíceis de ultrapassar.
Com o aproximar da hora, eu e os miúdos acabamos por a perder de vista no meio de todos aqueles que se juntam na manga da partida.
O sino de partida ouve-se nas escadas às portas do Convento! As quase quatro centenas de participantes arrancam direitos à Tapada de Mafra e dão-se inicio às hostilidades.




Nós os quatro deixamos o último atleta passar por nós e arrancamos direitos ao primeiro ponto onde poderíamos ver a corrida passar. E esperamos não mais que cinco minutos até aparecerem os primeiros atletas, agrupados, a uma velocidade imprópria para cardíacos. Esperamos mais um pouco sem eu conseguir precisar quanto.
Vou tirando fotos enquanto a malta vai passando, parecem motas, uns em grupos maiores, outros em grupos mais pequenos ou mesmo sozinhos. Passa o Rui Fragoso, passa o Edgar e o Vitor do CSSPF, o André e o Jorge Pedroso... Vou vendo passar amigos e muita malta conhecida e de repente passa a Filomena, uma das principais adversárias da minha companheira! Ou mesmo “A” adversária da Sandra, porque todas as outras são mera “paisagem” e não são pária para a minha Pitufa!
Desperto e largo as fotografias por momentos. Três ou quatro minutos e surge a Sandra. Vinha em segundo, bem classificada na geral e a uns escassos minutos da sua referência no desporto.
Grito-lhe a sua posição e o tempo que as separa e trato de me enfiar no carro! Os miúdos nem de lá tinham saído junto com o patudo. Estávamos parados à beira da estrada de asfalto, num local pouco interessante de paisagem ou para fotografias.
Afino o GPS para o próximo ponto onde poderíamos encontrá-la e tirar umas fotos em condições. Ponto esse localizado quase no final da subida de Montesouros, a primeira subida dura do percurso e que iria surgir ao km 11, sensivelmente.
Aí chegamos rapidamente, mesmo a tempo de ver passar novamente os primeiros e logo depois outros, e mais outros, incluindo quase toda a malta amiga que está forte e a andar bem.






Vou tratando de incentivar a malta que conheço enquanto lhes saco uns sorrisos que imortalizo em retratos!
Invariavelmente a primeira mulher que avisto é a Mena, a trepar os metros finais daquela subida, forte e de andamento sólido, tipo máquina! Bum, bum, bum, bum, martelava os pedais rampa acima e passa por mim tipo foguete, sem levantar os olhos da linha imaginária que seguia, concentrada, focada!

Começo de imediato a fazer contas. A Sandra teria que estar a aparecer...
Mas entretanto passa mais malta amiga. Passa o Jorge Pedroso, passa o Carlos com a sua bicicleta “singlespeed”, também ele a martelar os pedais rampa acima, num esforço e tipo de cadência que me são tão familiares.



Passam mais uns quantos ciclistas, não muitos e eis que surge a nossa atleta.
Avisto-a ainda ao longe, identificando-a pelas cores do equipamento.
Volto a fazer as contas aos minutos que separam a primeira da segunda classificada, e aparentam agora ser menos do que no primeiro ponto.

A Sandra tinha ganho algum terreno à Mena e isso encheu-me de orgulho! Vinha forte, vinha motivada e digo isso ao Miguel que estava mesmo ao meu lado, ansioso, à espera de ver a mãe passar!
E quando ele a vê a ela, quando ela o vê a ele, quando se vêm... Foi um momento mágico, comigo a ficar sem palavras e de nó na garganta!

A expressão na cara da Sandra ao passar por mim foi, por si só, testemunha da intensidade com que ela viveu aquele momento...








Volto a inteirar-me que ela estava em corrida, contra ela própria mas também contra adversárias de carne e osso e volto a gritar-lhe que continuava em segundo lugar e que tinha ganho algum terreno para a primeira.
Mas vou continuando a premir o botão da maquina fotográfica.
A Sandra segue já de costas para mim, ainda com o Miguel a correr ao lado dela e avista a Joana que estava sentada dentro da mala aberta do carro, com o cão ao lado...
Mesmo sem conseguir ver a cara da minha companheira, aposto que foi dos melhores momentos que ela já vivenciou nisto das BTT!



Começo a acreditar que é possível ela colar na roda da Filomena. Mulher muito mais experiente e grande atleta em perfeita forma física, muitíssimo mais rodada que a Sandra neste tipo de provas. Mas o que falta à Sandra em experiência sobra-lhe em vontade e atitude e já vi essas duas condições fazerem a diferença em mais de que uma ocasião, pelo que comento com a Joana, algo emocionado até, que a mãe deles vai a ganhar terreno a uma verdadeira “pró” e que só por si, isso já é sinónimo do quanto a mãe deles é grande neste desporto.
A Joana acaba por me responder que a mãe dela é ainda melhor que essa tal de Mena, porque o que essa “Pró” fez em mais de uma década de treinos, a mãe dela está quase a conseguir em pouco mais de ano e meio...
O Miguel contrapõe com a teoria dele:

- Essa Mena é o Cristiano Ronaldo e a mãe é o Messi! - Diz o Miguel para a irmã, do banco de trás...
- Ahh, não podes comparar as bicicletas com o futebol! - Diz-lhe ela em tom reprovador.
- Posso, posso! A Mena é o Cristiano porque teve que trabalhar para chegar onde chegou, e a mãe é o Messi porque nasceu com o talento! É assim, simples.

Fico calado, sem me atrever a interromper aquele magnifico raciocínio, mas penso...
Senhores, não é que os fedelhos têm razão?!
De alguma forma a Sandra tem conseguido subir o seu nível de forma exponencial e consistente e está de momento a andar bastante bem, faltando-lhe, claro, a experiência e a sabedoria que esta traz consigo. Eu, pela parte que me toca, vou fazendo todos os possíveis para que cada vez acredite mais em si própria, nas capacidades e no poder que tem.
Continuando a treinar de forma consciente das suas lacunas e tentando melhorar estas, continuando a treinar forte e sistematicamente e sem dúvidas que irá dar muitas dores de cabeça às suas adversárias e muitas razões de orgulho à sua família e amigos!
E nesta conversa vamos seguindo. Eu a Joana, o Miguel e cão!

A igreja da Senhora do Ó seria o palco do primeiro abastecimento da prova, coincidente com ambos percursos, maratona e meia-maratona e foi para lá que nos dirigimos após sairmos de Montesouros.

Era domingo e dia de missa, e o local da pequena igreja estava já apinhado de carros quando lá chegamos. Estaciono como posso, que foi mal e porcamente.
Saímos para a rua e esperamos!


Ainda nenhum atleta tinha passado e tardariam ainda uns minutos largos a chegar, mesmo os primeiros. Este local era já depois da passagem pela praia de S. Julião, e distante cerca de 23kms do último ponto de encontro, em Montesouros, pelo que haviam uns quantos trilhos a percorrer, alguns deles técnicos.
Aqui o calor já se fazia sentir com alguma violência. O dia estava mais quente que os anteriores, dificultando um pouco a vida ao pessoal das bicicletas.




Esperamos bastante até que passe a Mena, ainda em primeiro, com o seu ar de máquina, de tanque de guerra impenetrável e indestrutível. Não pára, não abranda sequer. Foi como se aquele abastecimento nem sequer existisse...



Penso em como virá a nossa menina. E penso que será difícil para ela manter aquele andamento de luxo durante horas a fio. Mantendo o foco e concentração necessárias, sendo essas as duas grandes fraquezas da minha amada.
Esperamos mais uns minutos. Parecem uma eternidade!
Tinha para mim, secretamente, que a Sandra iria ser capaz de manter a motivação e o andamento e que seria ela que iria aparecer a qualquer momento para efectuar o controlo uns metros mais atrás do sitio onde nos encontrávamos, os quatro. Eu, o Miguel e a Joana, mais o patudo, todos ansiosos por ver a mãe chegar.
A Joana vai buscar uma garrafa de água e coloca-se em posição para ser ela a aguadeira da mãe, ideia do André Pimenta e que foi de mestre, diga-se de passagem!
Mas a Sandra tarda em aparecer.
Começamos a pensar que poderá ter passado alguma coisa, um azar...
A segunda atleta a surgir acaba mesmo por ser a Rita Esteves, que avistamos a chegar ao controlo de dorsais, enquanto da Sandra nem sinal. Assumo que terá acontecido algum imprevisto, fácil de acontecer nestas andanças. Um furo, uma corrente partida, eventualmente uma queda....
A Rita abranda mas também não pára no abastecimento... Segue no seu ritmo empertigado, relativamente lento e compassado, adiante, até a perdermos de vista na curva após a igreja.
Vou falando com o André, tentando enganar a ansiedade e a preocupação e fazendo por não o mostrar aos miúdos, embora também eles tenham já percebido que a demora e a actual terceira posição da mãe não são o cenário ideal.
Mas a Sandra acaba por surgir ao longe, reconheço-a novamente pelas cores do equipamento, ainda uns metros valentes antes do tal controlo de dorsais. Chega ao abastecimento e acaba por parar ao ver a filha de braçito estendido e de garrafa de água na mão, já depois de ter passado pelo Miguel, empoleirado em cima do muro ao lado da igreja.


Foi irresistível e tornou-se de paragem obrigatória para a Sandra.
Eu aproveito e acalmo a minha ansiedade perguntando-lhe como está e o que se passou.
Nada de quedas nem avarias mas tinha ficado retida num engarrafamento num dos trilhos mais técnicos, devido a malta mais lenta.
Confirmo-lhe que é agora terceira e que segue uns minutos atrás da Rita. Noto-lhe já algum cansaço junto com um pouco de desânimo.
Estando a sair sozinha do abastecimento, e com duras rampas pela frente, temi que fosse quebrar ainda mais o ritmo e que começasse a acusar o desalento de seguir sozinha a lutar - e que achasse que de forma inglória - contra adversárias mais fortes e mais experientes. Sei bem a dureza que é continuar a insistir apenas contra nós próprios e o que isso implica de auto-controlo, perseverança e determinação e temia que a Sandra cedesse ao facto de não ter uma lebre que a levasse adiante e que não a deixasse desanimar.
Nesse momento senti-me realmente impotente para a ajudar.
Como queria estar ali, a pedalar com ela, para lhe dar a minha roda, para a ajudar nos momentos mais duros, e a ajudar a chegar novamente à roda da segunda classificada e quem sabe ir tentar buscar, novamente, aqueles 4 ou 5 minutos de diferença para a Filomena que continuava a rolar em primeiro, inabalável.
Foi um momento duro para mim, vê-la arrancar daquele abastecimento, sozinha e entregue a si própria, mesmo sabendo que isso só a ajuda a crescer e ser ainda melhor atleta!
Precisei mesmo de me dizer isto duas ou três vezes até me mentalizar do mesmo.
Mas apre, que custou um mundo e foi com dificuldade que voltei a enfiar-me no carro para ir com os miúdos até à praia comer uns gelados.
E durante os minutos que durou essa curta viagem segui calado, pensativo, ansioso.
E essa sensação de ansiedade e impotência só passou já tinha estacionado o carro na praia de S. Julião.
Saímos para a rua os quatro e passados uns minutos vemos passar novamente malta da maratona, e já após os gelados lambidos, comidos e saboreados, quase 30 minutos depois, voltamos a ver passar malta com frontais alusivos à prova, incluindo algum pessoal do GDCTINCM que percorriam os trilhos da meia-maratona.
A Sandra levava deles bastante mais de uma hora de avanço e essa ideia voltou a tranquilizar-me e a fazer-me acreditar em pleno nas potencialidades daquela força da Natureza. Pela mulher de garra que é e pelo que já me mostrou no passado, sabia que ela não baixaria os braços enquanto pudesse lutar e tivesse força naquelas pernas. Volto a acreditar nisso. Mas era preciso que também ela acreditasse, que não se esquecesse que era capaz. Era preciso que ela acreditasse, sempre! E esse mantinha-se o meu medo!
Da praia saio mais os miúdos e o cão que andou todo o dia à trela, a puxão para um lado, a puxar para outro, todo o dia numa correria que para quem gosta é de sopas e descanso, não era todo a mais confortável. Pouco passava das 11h20 quando saímos da Senhora do Ó em direcção à praia e perto do 12h15 andávamos á procura da Aldeia Típica de José Franco que encontrámos, mas na qual nem entrámos porque ao Miguel não lhe apetecia!
E além disso começava a pairar no ar o cheiro das horas de almoço!
Era tempo de eu tratar de descobrir onde levar dois catraios pequenos a almoçar... Adivinhais o sítio eleito?! Por mim, não por eles! Responsabilidade do devaneio a quem de direito...
Acabamos a enfiar pelas goelas abaixo uns menus do McDonalds em Mafra, enquanto fazíamos tempo para nos deslocarmos até ao último ponto antes da meta, ao km 63.
Da igreja da Senhora do Ó a este local estavam 30kms de duros trilhos. De subidas e descidas, muitas delas exigentes e demolidoras, como só aquela zona o sabe ser.
Em conversa com o André Pimenta e para estimar tempos, calculámos cerca de duas horas e meia, mais coisa, menos coisa, entre um ponto e outro.
Arrancamos e chegamos ao último abastecimento as 13h15, menos de duas horas depois de sairmos da Senhora do Ó.
A Joana pergunta ao David Salvador Martins se a mãe já passou e este diz que sim. A Sandra tinha passado já, há cerca de 10, 15 minutos.
Faço contas e percebo de imediato que levava um ritmo muitíssimo bom, com uma média superior a 15km/h. Mantinha a terceira posição e não tinha ainda conseguido ultrapassar nenhuma das suas adversárias, mas ainda assim mantinha-se “na corrida”...
A média que ela ia a fazer volta a meter-me um largo sorriso nos lábios e a fazer crescer-me novamente a ansiedade no peito!
Que forte, jasus!
Que brutalidade está esta rapariga!
Só espero que não haja percalços até final...
Lembro-me de pensar para com os meus botões.
A Sandra não tinha desistido da sua guerra pessoal contra ela própria e continuava a martelar forte nos pedais. Só podia, porque eu contava em vê-la passar por volta das 13h30 e ela passa antes ainda, com uma média acima de 15km/h! E naquele terreno, médias dessas são médias de valor!
Despeço-me da malta que se encontrava nesse abastecimento, do David principalmente, desejando-lhes continuação de bom trabalho. Voltamo-nos a enfiar-nos dentro do carro e arrancamos a todo o gás em direcção à meta, agora colocada na lateral Sul do convento.
Começo a ficar com receio de não chegar a tempo de ver a nossa atleta cruzar o arco de meta! E a ansiedade cresce.
Voamos, literalmente, até ao centro de Mafra, com o cão a segurar-se como consegue para não tombar para um lado e para outro nas curvas mais apertadas.
Não devemos ter demorado mais de cinco minutos e quando lá chegamos avisto de imediato a Rita Esteves que, embora não tenha percebido logo, estava acabadinha de chegar.
Estaciono o carro à pressa e desloco-me ao controlo final e pseudo arco de meta.
Não percebi quanto tempo havia passado desde que saíra do ultimo abastecimento e a ansiedade toldava-me o raciocínio.
Peço à Joana que pergunte à senhora que se encontrava no controlo de chegadas se a Sandra Costa já tinha passado. E esta responde à miúda que sim!
Caiu-me tudo ao chão e fiquei super triste. Tinha falhado nos timings e não tinha estado lá para a receber na sua chegada triunfante. Nem eu, nem os miúdos. E começo a pensar em que ela deveria ter ficado também triste e decepcionada por não ter a família à espera no final da sua prova.
Senti-me mesmo frustrado, porque depois de tudo, de todo o esforço dela, nós não tínhamos estado no momento mais importante, porque o é! A chegada é sempre o momento mais intenso e importante e eu sabia-o! E não tínhamos estado presentes... Voltava o mal fadado nó na garganta, mas agora pelos motivos errados.
Começamos à procura da Sandra. Dois dos elementos do grupo do GDCTINCM já estavam no largo sentados à sombra e o Miguel diz que achava que a mãe estava lá com eles, mas afinal não.
Procuramos, procuramos, e nada. Não víamos a mãe em lado nenhum. Mais uns minutos e umas voltas e continuava sem haver sinais da Sandra.
Ainda penso que poderá ter ido tomar banho porque uns momentos antes tinha visto a Mena a deslocar-se para lá, com um saco a tira-colo, mas não poderia ser porque precisaria do seu saco que estava no carro.
Agarro no telefone e ligo-lhe. Toca, toca e ninguém atende. Tento novamente com igual resultado. Passam-se pouco mais de 15 minutos nesta azáfama.
Com o cão pela trela, os miúdos debaixo de olho e máquina fotográfica ao peito rondava a zona de chegada porque achava estranho, por um lado, o tempo estonteante que ela tinha feito e por outro o facto de não a acharmos em lado nenhum.
Enquanto isso e de um momento para o outro, vejo entrarem na recta final, os últimos companheiros do GDCTINCM, que estavam a terminar a meia-maratona e que já tínhamos visto na sua passagem pela praia. E, num daqueles acasos do destino e timing perfeito, vejo logo atrás, a nossa atleta!
Grito para o Miguel e para a Joana que a mãe deles afinal estava a chegar e agarro-me à máquina fotográfica para imortalizar o momento.
Não foram as fotografias que idealizei e pretendia tirar, mas o momento da chegada da Sandra e o encontro dela com os miúdos, com a Joana que se agarrou a mãe tipo lapa, compensou largamente esse facto e retratei o momento como pude.





Afinal tinha terminado tudo bem e o nó na garganta dissipa-se! A Sandra chegou um pouco mais atrás das suas adversárias, mas manteve o seu terceiro posto até final, com garra e determinação!
Eu não podia estar mais orgulhoso dela. Felizmente que tinha a máquina ao peito e que me pude esconder um pouco atrás dela, da máquina, porque só me apetecia gritar em alto e bom som, que aquela mulher de garra e de fibra é a minha companheira!
Faço mais umas fotos ao grupo de amigos que vestem as cores da Imprensa Nacional, com a Sandra no meio deles, de sorriso rasgado como é seu costume, empoeirada de alto a baixo, cansada, feliz e realizada.





E eu não podia deixar de me sentir igualmente felicissimo por ela. Feliz por ela se sentir assim, realizada, orgulhosa e feliz, também ela. Pelo que conseguiu, pelo que trabalhou e pelo prazer que isso lhe deu. Não só no atingir dos seus objectivos como no caminho que percorreu durante aqueles 76kms até os alcançar.

Entretanto, vamos ficando por ali à espera da pseudo cerimónia de pódio! Ele existia, o pódio, pelo que aguardámos que estivessem reunidas todas as atletas para que fossem entregues os respectivos prémios e lembranças. Por esta cerimónia esperavam as atletas femininas da meia-maratona e maratona e sendo que o conjunto das três atletas da distância mais curta estava reunido, seguia faltando a segunda classificada da distância maior.
Esperavam também outros.
Os acompanhantes, amigos e membros da Organização e até o Presidente da Camara.
Os presentes esperaram e desesperaram.
E a segunda classificada nunca apareceu, num total desrespeito pelos presentes, pelas suas adversárias e pelas atletas que todas são.
E desrespeitando também uma organização esforçada e que se dedicou de corpo e alma a esta prova, tendo sido essa entrega notória.
Mas a cerimónia aconteceu na mesma, com fotos e beijinhos de congratulação, com bom ambiente, apesar da seca, e com fotografias para mais tarde recordar.


A Sandra acabou por ter direito a foto no lugar mais alto do pódio por incentivo da Filomena, que mostrou ser verdadeiramente integra de carácter e uma verdadeira atleta, respeitadora dos seus adversários, ao contrário de quem esteve em falta!
A Sandra não cabia nela de contente, de feliz e de realizada.
E eu mal cabia em mim de orgulho nela!
Afinal, ela merecia-o!

Mas no final, já no estacionamento e da mesma forma, as coisas mal cabiam todas dentro do carro novamente! Provavelmente, inchadas de orgulho, também elas!
O dia, comprido e cansativo e ao qual todos sobrevivêramos estava praticamente no fim.
Os miúdos adormecem assim que o motor é posto em marcha. Assim como o Ty, aninhado como pode ao colo destes! Um dia em cheio, repleto de novas sensações e experiências, como os dias verdadeiramente épicos devem ser!
Pela minha parte, uma aventura em que não dei uma única pedalada, mas ao mesmo nível daquelas que exigiram de mim tudo o que tinha para dar.
Foi, sem sombra de dúvida, uma montanha russa de emoções!

Obrigado a todos, sem excepção, que ajudaram a tornar este dia, num dia "épico"!
A todas aquelas "motas" que rasgaram nos trilhos e nos presenciaram excelentes momentos, tornando o nosso dia em algo que valeu a pena viver! Deu gosto ver a malta meter WATTS nos pedais!
E um obrigado especial àqueles que acarinharam a Sandra e de alguma forma a encorajam e a tratam com o respeito, carinho e amizade que ela merece! Sois grandes!

A ti, Sandra Costa, minha companheira, um obrigado por me teres proporcionado mais esta experiência, tendo-se mostrado como uma das mais enriquecedoras que já tive em todos os meus anos de bicicletas de montanha e de maratonas! 
Cada dia que passa tenho mais orgulho em ti e na pessoa que és!
És uma força da Natureza, no verdadeiro sentido da palavra e eu sinto-me verdadeiramente privilegiado por poder fazer parte desta tua viagem.
Obrigado!


Frederico Nunes "Froids"